São Paulo, sexta-feira, 13 de junho de 1997 |
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Lula pede pressa na definição de candidato RAYMUNDO COSTA RAYMUNDO COSTA; FLÁVIA DE LEON
FLÁVIA DE LEON Coordenadora de Política da Sucursal de Brasília Em jantar de desagravo anteontem no restaurante da Câmara, Luiz Inácio Lula da Silva, candidato duas vezes derrotado à Presidência da República, deixou claro que está disposto a ser o candidato único das oposições contra FHC e pediu pressa nessa definição. "Eu estava acostumado com a reserva, mas, agora, confesso a vocês que vou voltar a assumir a posição de titular", disse. Ao som do jingle da campanha de 89 -"Lula, Lá"- e diante do choro da vice-governadora de Brasília, Arlete Sampaio (PT), Lula disse que não iria se abater com as denúncias contra o PT, atribuídas a uma conspiração política manipulada pelo Planalto. "Se o governo pensou que eu iria fazer como o Maluf, que tirou quatro meses de férias, ou como o Motta, que foi para Portugal, está muito enganado." Empolgado com os aplausos, Lula disse que as pesquisas mostravam que era uma pedra no sapato de FHC e não resistiu ao termo ao qual antes dele sucumbiram Fernando Collor e Sérgio Motta: "Eu sou um carrapato no saco do governo", afirmou. No jantar, Lula pôde sentir o quanto é difícil o caminho até a candidatura única. Paulo Bernardo (PT-PR) constatava a dimensão disso: "Não podemos falar de candidato único e, ao mesmo tempo, definir o programa para 98". A exemplo de outros integrantes da tendência majoritária do PT, a Articulação, Bernardo dizia não ver outra saída: "A candidatura única tem que vingar porque, senão, a esquerda vira piada em 98". O melhor resumo da festa talvez tenha sido o da deputada Sandra Starling (PT-MG), da ala esquerda do partido: "Vou agradecer a FHC porque ele conseguiu fazer o que nós não conseguíamos: estamos juntos e com raiva". Lula defendeu uma rápida definição do nome do candidato único. "Do contrário, o PDT lança o Brizola, o PSB lança outro nome e fica inviável. É preciso ser rápido e, quem não concordar, fica para trás", disse. Ontem pela manhã, Lula afirmou que o nome deve ser escolhido até janeiro, no máximo. A maior dificuldade são as coligações regionais. Em Pernambuco, embora Miguel Arraes tenha ido à reunião da oposição na defesa de um candidato único à Presidência, é certo que não pretende se aliar estadualmente ao PT em 98. Há ainda problemas que surgiram nas eleições municipais e que provavelmente se repetirão em 98. Os petistas do Rio, por exemplo, recusam-se a apoiar um pedetista no Estado. A contrapartida seria o apoio do PDT a um nome do PT no Rio Grande do Sul. Texto Anterior: Justiça e os políticos Próximo Texto: PMDB vai adiar debate sobre sucessão Índice |
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