São Paulo, sexta-feira, 13 de junho de 1997
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Motta vai depor sobre compra de votos

LUIZA DAMÉ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Sérgio Motta (Comunicações) foi convidado a prestar depoimento na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), na próxima terça-feira, para esclarecer as denúncias de compra de votos a favor da reeleição. A assessoria do ministério informou ontem que Motta concordou em depor à comissão.
O deputado Nelson Otoch (PSDB-CE) -relator do processo de cassação dos deputados do Acre Chicão Brígido (PMDB), Osmir Lima e Zila Bezerra (PFL), acusados de ter vendido o voto- marcou ontem os novos depoimentos.
Além de Motta, foram convidados o líder do governo na Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), o deputado Pauderney Avelino (PFL-AM), a deputada Célia Mendes (PFL-AC), o ex-deputado Narciso Mendes e o empresário Eládio Cameli.
Para quinta-feira foram convidados os governadores Orleir Cameli (AC) e Amazonino Mendes (AM) e o deputado José Jorge (PFL-PE), presidente do partido.
"Acredito que todos virão à comissão porque é do interesse dessas pessoas esclarecer os fatos", afirmou Otoch. A CCJ só tem poder para convidar os envolvidos. Não pode convocá-los.
Anteontem, os ex-deputados Ronivon Santiago e João Maia não foram prestar depoimento. O advogado dos dois, Paulo Goyaz, disse que eles não se manifestarão enquanto não tiverem acesso à íntegra das fitas que revelaram o esquema de compra de votos.
A Folha teve acesso a fitas nas quais os dois deputados afirmam que receberam entre R$ 100 mil e 200 mil para votar a favor da reeleição. Ronivon disse que Zila, Osmir e Chicão venderam o voto.
Segundo Ronivon, a operação foi patrocinada por Amazonino e Cameli, com participação de Eládio Cameli, irmão do governador e diretor da empresa Marmud Cameli. Maia disse que o dinheiro seria de responsabilidade de Motta.
Narciso Mendes foi apontado por Ronivon como sendo o provável autor das gravações. Célia Mendes é mulher de Narciso.
Pauderney é citado nas fitas como intermediário de reuniões dos deputados com Amazonino, e Luís Eduardo, como intermediário de audiências com ministros.
O relator disse que a quebra do sigilo bancário e fiscal dos três deputados que estão sendo investigados não é fundamental, pois, "segundo as gravações, o pagamento foi em dinheiro".
Os três deputados anexaram à defesa extratos das movimentações bancárias deste ano. Segundo o relator, esses extratos não levantam nenhuma suspeita.

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