São Paulo, sexta-feira, 13 de junho de 1997
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Petistas tentam desqualificar acusador

DA REPORTAGEM LOCAL

Dirigentes do PT tentaram ontem desqualificar o economista Paulo de Tarso Venceslau, autor das denúncias de tráfico de influência que teriam beneficiado a empresa Cpem (Consultoria para Empresas e Municípios) em contratos com prefeituras petistas.
Paulo Frateschi, secretário de organização do Diretório Estadual do PT em São Paulo, insinuou que Venceslau fez as acusações para desvincular sua imagem da esquerda e conquistar a confiança de seus "novos patrões".
"Dizem que ele está passando muita dificuldade, que ele precisava do contrato no Rio Grande do Sul", disse Frateschi, se referindo ao projeto que Venceslau fez à empresa Engevix, contratada pelo governo de Antônio Britto (PMDB).
E acrescentou: "Dizem que ele precisava montar o porta-fólio dele para apresentar seus serviços ao Sérgio Motta (ministro das Comunicações)".
"Mala"
Quando questionado sobre o assunto no fim da entrevista, Frateschi falou com ironia. "Vou usar a mesma tática da calúnia", que seria a de Venceslau. "Consta que ele está na mala do Sérgio Motta", afirmou, com ironia.
O petista também afirmou que Venceslau é o Judas do PT. "É um traidor, porque está se valendo de informações que ficam na metade." Frateschi disse que vai processar Venceslau sob a acusação de difamação.
Frateschi depôs ontem na comissão de sindicância do PT que apura as acusações de Venceslau. Antes dele, depôs Gilberto Carvalho, ex-secretário-geral da Executiva Nacional do PT.
Carvalho também fez insinuações contra Venceslau. Ele sugeriu aos jornalistas que o entrevistavam que investigassem a postura que o economista teve quando o colunista da Folha Janio de Freitas apontou irregularidades na licitação para o metrô de superfície de Campinas, em 1990.
Venceslau era secretário das Finanças na época. Segundo Carvalho, ele teria defendido o contrato para construção do metrô que, depois, foi considerado irregular.
Ouvido pela Folha, Venceslau disse que nunca defendeu o contrato, que teria sido assinado depois que ele saiu da prefeitura.
Venceslau também disse já deu assessoria a 15 prefeituras em todo o país, de diferentes partidos. "O meu currículo profissional é grande." Em relação ao Rio Grande do Sul, afirmou que foi contratado pela empresa GCA que, por sua vez, foi contratada pela Engevix.
Até ontem, a comissão de sindicância tinha ouvido 14 pessoas. Faltam depoimentos de outras 15.

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