São Paulo, sexta-feira, 13 de junho de 1997
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Viana anuncia Fluminense na 1ª divisão

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente da Federação de Futebol do Rio de Janeiro, Eduardo Viana, disse ontem que é certa a presença do Fluminense no Campeonato Brasileiro de 97.
O presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Ricardo Teixeira, no entanto, adiou o anúncio da decisão sobre a participação do clube carioca.
Ele havia prometido divulgar ontem se a competição terá 23 ou 24 clubes, com o clube carioca substituindo o Atlético-PR, suspenso por 360 dias.
O presidente da entidade recebeu ontem à tarde representantes da Federação do Rio (Eduardo Viana), do Clube dos 13 (Fábio Koff) e da Federação Paranaense (Onaireves Moura).
Teixeira se recusou a dar entrevista. Às 20h44, chamou um radialista à sua sala, e este transmitiu a posição do dirigente.
O presidente da CBF disse ter "ouvido as partes" e encaminhado a questão para o departamento jurídico da instituição.
Desta vez, ele prometeu divulgar até quinta-feira a tabela da primeira divisão do Brasileiro.
O diretor jurídico da CBF, Carlos Eugênio Lopes, para quem Teixeira está encaminhando a decisão, é torcedor do Fluminense.
Para Eduardo Viana, um dos mais fiéis aliados de Ricardo Teixeira, não há mais polêmica.
"O Fluminense já está no campeonato, é só divulgar a tabela. Se ficar fora, eu rasgo minha roupa e fico nu", disse.
Sua convicção é tamanha que ameaçou: "O Ricardo não é louco de comprar uma briga comigo e com o Clube dos 13".
Fábio Koff, presidente da associação que reúne 16 grandes agremiações de futebol do país, formalizou a defesa do clube carioca.
O dirigente, porém, teve que esperar. Sua reunião com Ricardo Teixeira estava marcada para as 16h de ontem.
Koff chegou à sede da CBF, no centro do Rio, às 15h47. Teixeira, só às 16h50.
Palavrões
O presidente da Federação do Rio ficou extremamente irritado com a afirmação de um repórter de que "há uma impressão forte na opinião pública de que o Atlético-PR foi suspenso só para favorecer o Fluminense".
Viana respondeu: "Para mim, a opinião pública não vale nada".
O repórter voltou a perguntar: "E a ética, vale?"
O dirigente disse: "A ética não é ditada pela opinião pública, mas pelas lideranças".
"Qualquer um sabe disso, até pensadores de quem eu não gosto, como Marx (comunista alemão, 1818-1883), Lenin (comunista russo, 1870-1924) e Gramsci (comunista italiano, 1891-1937)."
"E olha que esses são da esquerda, porque eu gosto mesmo é do pessoal da direita."
Ele se irritou com o esforço do Atlético-PR para revisar a suspensão e jogar o campeonato.
"Por que esse sentimentalismo com o Atlético-PR? Parece que se está levando a Maria Antonieta (francesa guilhotinada em 1793) para o cadafalso."
Questionado sobre o suposto apoio do governador do Paraná, Jaime Lerner, ao clube paranaense, Viana afirmou: "Ora, o poder político do Rio é muito maior do que o ufanismo do Lerner".
Eduardo Viana criticou a posição do diretor-técnico da CBF, Gilberto Coelho, favorável a um campeonato com 23 clubes.
"Isso é falta de inteligência. Ele é um mulo (animal resultante de cavalo com jumento)."
Enquanto isso, o Fluminense contratou ontem Rivaldo -não o craque do La Coruña (Espanha), mas um jogador do Flamengo, de Arcoverde (PE).

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