São Paulo, sexta-feira, 13 de junho de 1997
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Friccó é tão prosaico quanto bom

JOSIMAR MELO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Ver nascer um restaurante de alta gastronomia, onde a cozinha atinge os cumes da grande arte, evento raro, produz uma alegria quase tão grande quanto a abertura de um restaurante simples e bom. É o que eu sinto ao visitar o Friccó de Frango, que funciona há três meses no Paraíso.
Ele fica numa casinha simples, embora montada cuidadosamente. Nem era para ser um restaurante, mas uma loja de congelados. "Já que há espaço, porque não servir comida na hora do almoço?", perguntaram-se os proprietários. E assim fizeram, instalando mesas sem toalha, de onde se pode enxergar a limpa cozinha.
Acontece que os proprietários são do ramo. Ao menos um deles, o chef italiano Sauro Scarabotta, 31, competente cozinheiro do Bar des Arts, que assumiu após chefiar a cozinha do La Tambouille.
Sua namorada e sócia, Rita de Cássia Matarazzo Russo, 32, se não era do ramo está se tornando. É quem fica tocando a operação.
A base do restaurante é a confecção de um cardápio curtíssimo, mas que muda todo dia, baseado num ingrediente simples e barato, o frango. A receita que não falta nunca é o friccó, típico da cidade de Scarabotta (Gubbio, na Umbria). É o frango refogado em alho, alecrim, vinho branco e molho de tomate.
O frango tem aquele jeito de frango de granja brasileiro, meio sem gosto, mas o molho é competente; e melhor ainda são os acompanhamentos, massas recheadas como panzerotti de abóbora, agnolotti de queijo.
Para quem não quer frango, talvez um filé mignon com risoto ou uma lasagna de radicchio -vai depender do dia.
Como couvert (gratuito), pastéis crocantes e uma sopinha perfumada; como entradas, carpaccio ou saladas; aos sábados, feijoada leve, aos domingos, frango com polenta... O Friccó de Frango tem um ar meio caseiro e despretensioso que torna ainda melhor a surpresa de experimentar uma cozinha leve, quase trivial, mas antes de tudo muito honesta -e barata pelo que oferece.

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