São Paulo, sexta-feira, 13 de junho de 1997
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Condenação de Rainha; Não-candidatura; Darcy Ribeiro; Fokker da TAM; Teorema do óbvio; Prêmios; Instituto Butantan

Condenação de Rainha
"Como podem, diante de tamanha ausência de provas, condenar José Rainha à prisão por 26 anos? O resultado desse julgamento só reforça a tese de que no Brasil, cadeia é feita para pobres, negros, marginalizados e excluídos, cabendo à Justiça julgar, livrar ou punir de acordo com os interesses políticos e a posição social dos indivíduos, não pelo crime cometido."
Nelson Jandir Canesin (São Paulo, SP)
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"A notícia da condenação de José Rainha Júnior, líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, a 26 anos de prisão, é claro, chocou-nos. Mas, de alguma forma, já estávamos preparados para essa notícia. Nem poderia ser diferente. É a maneira que o governo federal encontrou para desmantelar o movimento dos sem-terra."
Antonio Francisco, presidente do Sindicato dos Auxiliares de Administração Escolar de Campinas e Região (Campinas, SP)
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"Meu irmão, João Carlos Batista, deputado estadual, foi assassinado há mais de oito anos, na frente da mulher e dos filhos. Os assassinos estão presos, e os mandantes, livres. Apesar de decorrido todo esse tempo, ainda não aconteceu o julgamento. Mataram-no porque defendia, como advogado, os interesses de posseiros (sem-terra).
No entanto, para condenar o dirigente do MST José Rainha Júnior, a Justiça é eficiente, mesmo não havendo provas que o responsabilizem pelo crime acusado."
Pedro César Batista (Peruíbe, SP)
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"De parabéns a Justiça e o corpo de jurados de Pedro Canário. Aplicaram ao sr. José Rainha 26 anos de prisão. Foi uma lição que, apesar da contumaz, desafiadora e arrogante posição do réu, o governo federal, por estranhas razões, não tem coragem de nele aplicar, como correção igual."
Adir de Castro (Belo Horizonte, MG)

Não-candidatura
"Gostaria de corrigir informação veiculada no dia 11/6 (Brasil, pág. 1-11) por esse jornal. O secretário de Recursos Hídricos, Saneamento e Obras, Hugo Marques da Rosa, não será candidato a nenhum cargo eletivo nas próximas eleições, devendo permanecer nesta pasta até o final da gestão (31 de dezembro de 1998)."
Hugo Marques da Rosa, secretário de Estado (São Paulo, SP)

Darcy Ribeiro
"Como companheira de PDT, militante e membro da Coordenação Nacional de Mulheres do partido, registro minha tristeza e indignação com as expressões machistas e racistas atribuídas a Darcy Ribeiro e publicadas no dia 3 de maio na Folha.
Somente a condição de doente mental terminal, portador de câncer, pode explicar essa terrível contradição, que viola todo seu passado. Fui testemunha dos mais belos gestos de generosidade dele em relação à raça humana. Aquilo publicado não é Darcy."
Therezinha de Godoy Zerbini (São Paulo, SP)

Fokker da TAM
"A declaração do coronel-aviador João Luiz de Castro, presidente das investigações -'o inquérito policial é que vai ter valor jurídico. Nossa investigação é técnica, não envolve aspectos jurídicos'-, é enganosa.
Todos os tribunais, brasileiros e estrangeiros, dão grande valor ao relatório técnico. O próprio comandante Rolim, da TAM, declarou, em 23/2, que o relatório sobre o acidente com a TAM já estava pronto e já fora submetido a vários especialistas, incluindo juristas. E a Aeronáutica já negou várias vezes aos encarregados do inquérito policial, delegado Romeu Tuma Jr. e dois promotores de Justiça designados pelo procurador-geral Luiz Antonio Marrey Guimarães, a entrega do laudo da caixa-preta, feito pelo governo dos EUA e entregue há tempos ao nosso, para nortear seu relatório final.
A Aeronáutica sempre favoreceu a Lloyds, de Londres, responsável por mais de 99% dos seguros. Negou a oito requisições dos juízes do Rio e de São Paulo, durante cinco anos, cópia do relatório da tragédia do Boeing 707 da Varig na África. As famílias dos 50 mortos ainda esperam até hoje, dez anos e meio depois, as indenizações da Justiça, que por quatro vezes condenou a Varig por culpa grave.
A Justiça Federal, ao conceder a liminar, libertará as famílias, muitas em situação desesperadora, desse infindável e ilegal segredo da Aeronáutica sobre os nomes das fábricas norte-americanas responsáveis pelo defeito do 'reverso' que causou as 99 mortes."
Renato Guimarães Jr., professor da Universidade de Campinas (Campinas, SP)

Teorema do óbvio
"Peço registrar no Painel do Leitor os meus cumprimentos efusivos ao sr. Guilherme Afif Domingos pelo excelente artigo publicado na Folha do dia 4/6, sob o título 'O teorema do óbvio'."
Octavio Bueno Magano, professor-titular de Direito do Trabalho da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)

Prêmios
"Ex-ministro Rubens Ricupero: envolvido no caso da parabólica. Foi processado? Não. Foi premiado com a embaixada em Roma.
Ministro Sérgio Motta: envolvido no caso da compra de votos. Será processado? Não. Resta ainda a embaixada em Paris.
Políticos do Brasil: não aguento mais ler/ouvir a palavra democracia."
Rogério Carletti (São Paulo, SP)

Instituto Butantan
"1) Durante a gestão do sr. Soerensen, a produção de soros tinha chegado a menos de 30 mil ampolas/ano, contaminadas. Desde 1994 temos mantido a entrega de 500 mil ampolas/ano, aprovadas e distribuídas em todo o país.
2) As vacinas eram igualmente produzidas em condições deploráveis. Nos últimos três anos, entregamos 91 milhões de doses de vacinas, todas aprovadas e usadas pelo ministério.
O 'mercantilismo' do Butantan atende à sociedade. Entregaremos neste ano 10 milhões de vacinas tríplices, dentro de condições exigidas pela OMS, bem como os primeiros lotes da vacina contra hepatite B.
3) A revista do Butantan, sob a direção do sr. Soerensen, publicou 60 artigos, muitos dos quais não seriam aceitos por uma revista catalogada. De 94 a 96, o instituto publicou 279 artigos e submeteu mais 48, na maioria em revistas de impacto internacional.
4) Crime ecológico foi desmatar quatro quilômetros quadrados para criar os lagos e relegar a produção de soros e vacinas."
Isaias Raw, ex-diretor do Instituto Butantan (São Paulo, SP)

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