São Paulo, domingo, 15 de junho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AL troca cúpula para tentar sair da crise

FÁBIO GUIBU

FÁBIO GUIBU; ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

Após nomeação de 'interventor' pela União, 2 secretários pedem demissão e outros 2 podem cair

A cúpula do governo de Alagoas deve sofrer outras quatro alterações, além da nomeação do coronel da reserva do Exército Roberto Longo como "interventor informal" do governo federal nas finanças do Estado. Longo assume a pasta da Fazenda amanhã, substituindo Clênio Pacheco.
Duas das mudanças já são certas. Os secretários Clayton Sampaio (Administração) e Luciano Barbosa (Transportes) renunciaram a seus cargos. O secretário de Planejamento, Rui Guerra -que acumula as pastas de Indústria e Comércio, Turismo e a Fundação Instituto de Planejamento-, também deve ser sair esta semana.
A Agência Folha apurou que o governo federal pressionou para que, além do secretário da Fazenda, fossem substituídos os secretários de Administração e Planejamento. Longo foi indicado pela União para sanear as finanças do Estado, que passa por uma das maiores crises de sua história.
Alagoas deve cerca de R$ 2 bilhões, não paga salários há oito meses para algumas categorias de servidores e é suspeito de fraudar a operação que resultou na emissão de R$ 301 milhões em títulos.
O governador Divaldo Suruagy (PMDB), que chama a "intervenção branca" de "administração compartilhada", afirma que novas alterações em seu secretariado dependerão da "afinidade" de Longo com o restante da equipe.
Apesar de os secretários demissionários terem dito que saíam para facilitar a recuperação de Alagoas, Sampaio, em entrevista a emissoras de televisão, disse que o governador perdeu o poder para nomear seus secretários.
A reforma no primeiro escalão pode incluir ainda a troca do secretário de Segurança, José do Azevedo Amaral, pivô de uma crise que resultou na exoneração, semana passada, da cúpula da Polícia Civil.
Dois diretores e quatro delegados especializados entregaram os seus cargos, alegando interferências e falta de condições de trabalho. Entre os demissionários está o diretor do Departamento Central da instituição, Cícero Torres, responsável pela apuração da morte de Paulo Cesar Farias, em 96.
Deputados apreensivos
Na Assembléia, a nomeação de Longo criou um clima de apreensão. Os deputados temem que o ajuste que ele pretende promover passe também pelo Legislativo.
"Não abrimos mão da independência no gerenciamento financeiro e administrativo da Casa", disse o presidente da Assembléia, deputado João Neto (PSDB), aliado político de Suruagy.
Até mesmo a oposição reagiu com desconfiança. A deputada Heloisa Helena (PT) enviou requerimento pedindo que o coronel seja convidado a explicar aos deputados seus planos para o Estado.
Alagoas arrecada R$ 65 milhões por mês e repassa ao Legislativo R$ 4,5 milhões. Na quinta-feira passada, o repasse atrasou e os deputados deixaram de votar projetos exigidos pelo governo federal para o repasse de verbas.
A CEF (Caixa Econômica Federal) condiciona a liberação de R$ 165 milhões para o pagamento de servidores que aderiram ao PDV (Programa de Demissões Voluntárias) do Estado à aprovação de dois projetos de lei pela Assembléia.
O primeiro projeto impede a contratação para cargos comissionados dos servidores que aderiram ao PDV. O segundo proíbe a realização de concursos públicos no Estado por três anos.
O governo federal exige ainda a informatização do Legislativo e do Judiciário estaduais.

Colaborou Ari Cipola, da Agência Folha

Texto Anterior: Analogia correta é com material impresso
Próximo Texto: Estado não paga títulos
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.