São Paulo, domingo, 15 de junho de 1997
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Covas pode abandonar privatização

XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo Mário Covas planeja desistir do processo de privatização dos serviços do sistema rodoviário Anchieta/Imigrantes, que liga São Paulo à Baixada Santista.
A proposta já começou a ser discutida, em reunião no Palácio dos Bandeirantes, na tarde da última quinta-feira, entre o governador e uma equipe de auxiliares. Segundo apurou a Folha, Covas ficou bravo com o boicote dos oito consórcios que disputam a concorrência para administrar as rodovias.
Com a alegação de que o retorno financeiro do negócio é insatisfatório, as empresas não compareceram, na semana passada, a uma visita técnica obrigatória ao local das obras que teriam que fazer, em caso de vitória na concorrência.
O governador fez até uma ameaça, na conversa com auxiliares da Secretaria dos Transportes: ou os consórcios se submetem às regras que aprovaram ou o seu governo esquece, de uma vez por todas, o processo de privatização.
Os empresários reclamam do alto investimento (R$ 600 milhões para a construção da segunda pista da Imigrantes), do prazo para a construção (42 meses) e da impossibilidade de criação de novos pontos de pedágios -fontes de renda para os seus cofres em caso de privatização.
Boicote
A rebelião dos consórcios, formados por empreiteiras e bancos, significou praticamente a desistência da competição.
O governo, no entanto, viu a atitude empresarial como uma forma de pressão para mudar as regras da concorrência, pedido que vinha sendo feito, com insistência, pelas empreiteiras em várias reuniões com a equipe de Covas.
Na reunião do final da tarde de quinta-feira, Covas estava acompanhado do secretário dos Transportes, Plinio Asmann, e mais os presidentes do DER (Departamento de Estradas de Rodagem), Luiz Carlos David, e da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário), Antonio Jamil Cury.
Oficialmente, os assessores do governo estadual informam que ainda não há nenhuma decisão ou possibilidade a ser estudada sobre o caso Anchieta/Imigrantes.
Empreiteiros ouvidos pela Folha avaliam que a irritação de Covas não passa de uma desculpa para o governador retomar a sua vontade original de deixar as rodovias sob comando do Estado.
A Apeop (Associação dos Empresários de Obras Públicas), entidade que representa os oito consórcios, encaminhou um boletim aos seus filiados, anteontem, alertando para o prejuízo que o Estado acumula com a demora no processo de privatizações dos serviços (concessões) das estradas.
Somente no caso da Anhanguera/Bandeirantes, que enfrenta uma disputa jurídica entre o governo e empreiteiras, diretores da Apeop calculam que o Estado deixou de receber cerca de R$ 90 milhões pela concessão e ainda R$ 500 milhões em investimento na estrutura das rodovias.

Consórcios que disputam a Anchieta/Imigrantes
1) Civília Engenharia Ltda
2) CVE-SAI (Servix, Via e Esuco)
3) Caminho do Mar (Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, CBPO e Serveng-Civilsan)
4) Encalso e S/A Paulista
5) Privav Construções e Comércio Ltda.
6) J. Malucelli, Ivaí, Triunfo e Rodoférrea
7) SAB (Construtora Cowan, Queiroz Galvão, Carioca Christiani Nielsen e Camargo Campos)
8) BGB Rodovias (Galvão Engenharia, Barbosa Mello e BIC Banco)

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