São Paulo, domingo, 15 de junho de 1997
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Fair Play

RODRIGO BUENO

Mesmo estourando escândalos de corrupção no futebol por todos os lados, o fair play -jogo limpo- está na moda.
Desde 94, quando os EUA abrigou a Copa, a Fifa tem se esforçado no sentido de valorizar o bom-mocismo em campo.
O Brasil, na ocasião, ganhou o Mundial, mas foi mais parabenizado pela máxima entidade do futebol por ter sido a equipe mais disciplinada da Copa.
A Euro-96 tinha em seu regulamento o jogo limpo como critério de desempate. Agora, na Copa América, um dos troféus mais cobiçados é o "Fair Play".
A taça, disputada paralelamente ao torneio na Bolívia, será entregue ao time que tiver menos jogadores punidos com cartões e que mostrar-se mais "comportado" na competição.
O jogo limpo ganha a partir deste ano até data comemorativa. A Fifa instituiu os dias 20 e 21 de setembro como "Dia Fair Play". Nessas 48 horas, o dirigente maior, João Havelange, espera que todas as federações do planeta promovam eventos que despertem o significado e a importância do jogo limpo.
O título de Fair Play -que para boa parte dos torcedores é a mesma coisa que ser "campeão moral", ou seja, nada- está diretamente ligado, porém, à atuação dos árbitros, comprovadamente discrepantes.
Fala-se muito que os juízes brasileiros têm exagerado nos cartões amarelos e que os europeus deixam o "jogo correr".
Para atestar essa tese, basta uma comparação entre o Torneio da França e o quadrangular decisivo do Paulista.
Ambas as competições tiveram seis jogos. No torneio vencido pela Inglaterra, foram mostrados 24 cartões amarelos (média de quatro por jogo) e nenhum vermelho. Na fase final do Estadual de São Paulo, pese o fato de dois europeus terem apitado, saíram 33 amarelos e 6 vermelhos (um por partida).
Nada contra o jogo limpo, muito ao contrário, mas esse deve começar pelos árbitros.

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