São Paulo, domingo, 15 de junho de 1997
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As cartas inéditas de Eliot

NELSON ASCHER
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

T.S. Eliot (1888-1965), escritor norte-americano naturalizado inglês, já foi considerado o maior poeta do século e autor do principal poema da modernidade por colegas de ofício tão insuspeitos, distintos e tão distantes entre si como o mexicano Octavio Paz, o polonês Czeslaw Milosz e o grego Giorgios Seferis, todos ganhadores do Nobel de Literatura. O poema em questão chama-se "The Waste Land", ou seja, "A Terra Estéril e/ou Devastada", e foi publicado em 1922.
Seu prestígio, porém, não se limitou aos poetas e, enquanto crítico, ele foi a influência preponderante sobre duas, talvez três gerações de estudiosos. Quando a maré e a moda mudaram, suas idéias passaram a ser vistas como daninhas, algo que foi auxiliado -e não pouco- por um reacionarismo político que gente mais jovem considerava francamente "disgusting".
Desde então (essa virada data mais ou menos dos anos 60/70), muitos vêm tentando se livrar igualmente de sua poesia, uma poesia não raro ofuscada, nas leituras atuais, pela de seus conterrâneos, coevos e amigos Ezra Pound, William Carlos Williams e Wallace Stevens. Ainda assim, "The Waste Land" continua sendo um marco fundamental do modernismo anglo-americano e o ciclo "Four Quartets" (Quatro Quartetos), um "triunfo estilístico", na frase do exigente Hugh Kenner. Um lado da carreira eliotiana menos conhecido fora do mundo anglófono é a sua importante atividade de editor em revistas e, sobretudo, na editora inglesa Faber. Nessa condição, o poeta não apenas ajudou a consolidar um determinado gosto literário, como também apoiou a carreira de vários escritores mais jovens.
Entre estes estava a escritora e dramaturga norte-americana Djuna Barnes (1892-1982), cujo romance mais famoso, "Nightwood" (Bosque da Noite), Eliot prefaciou e publicou em 1937. Barnes, que pertencera à geração de seus compatriotas radicada na França do entre-guerras, tornou-se amiga do poeta, que a visitou nas suas idas aos EUA. Ainda assim -e apesar de sua longevidade- seu prestígio não se firmou e, nos anos 50, Edmund Wilson, que a conhecia desde a década de 20, escreveu em seu diário: "Embora Edwin Muir e Eliot admirem seu 'Nightwood', eu nunca achei que ela tivesse um talento autêntico". Recentemente, o lesbianismo de Barnes vem contribuindo para a sua reavaliação, pelo menos entre as críticas feministas.
Leia, nesta página, parte da correspondência, revelada no ano passado e até agora inédita no Brasil, que Eliot e Djuna trocaram entre 1940 e 1956. A última carta da pequena antologia foi dirigida por Djuna a Valerie, mulher do poeta, dias depois da morte de Eliot.

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