São Paulo, segunda-feira, 16 de junho de 1997
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Sem terra busca apoio nas ruas

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais do que invasões de terras produtivas e improdutivas, o alvo do MST para os próximos meses será a conquista da opinião pública em grandes manifestações de rua. Um dos objetivos dessa estratégia é evitar uma nova condenação do líder José Rainha.
Outro objetivo é fazer com que a opinião pública force o governo a recuar diante de medidas que o MST considera represálias, como a que impede a desapropriação de áreas já invadidas por sem-terra.
"A ocupação da terra não é a única forma de luta do MST", disse José Rainha em sua visita a mutirões de Osasco, no último sábado. "Uma marcha de sem-terra é mais importante do que uma invasão."
Para Rainha, o MST tentará conquistar nas ruas o que não conseguiu com invasões. "A história mostra que as grandes vitórias são conquistadas nas ruas. Vamos buscar a força da sociedade."
Estão marcadas para os próximos meses duas grandes manifestações. A primeira será no Anhangabaú, região central de São Paulo, no dia 28 de julho, no encerramento de uma marcha que sai do Pontal do Paranapanema no dia 1º. O MST quer reunir 100 mil pessoas.
"Vamos mobilizar os sem-teto, os desempregados e todos os que nos apóiam", disse Rainha. A próxima manifestação do MST será uma marcha para a cidade de Pedro Canário (ES), no segundo julgamento de Rainha, em setembro.
"Vamos fazer manifestações como os grandes atos 'Fora Collor'. Os jurados de Pedro Canário vão pensar três vezes antes de nos condenar de novo", afirma Rainha.
O comando do MST se reúne às 14h de hoje, em São Paulo, para definir os próximos rumos do movimento. Mas o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), advogado de Rainha, diz que a tendência do movimento é priorizar agora as manifestações de rua.
O MST quer mostrar à opinião pública que houve julgamento político de Rainha. "Um castigo exemplar", diz Greenhalgh. "O julgamento recoloca no centro do debate as decisões do Judiciário."

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