São Paulo, segunda-feira, 16 de junho de 1997 |
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Selma funde o mundão regional e o mundinho
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
Parecia, mais que qualquer coisa, uma dona maluca. Ao final de cada coco de roda que levava com seus percussionistas e seu coro de três meninas, ela desandava a cantar: "Rá rá, rá rá, rá rá, djá". E encerrava o número. No intervalo, pedia ao povão que comprasse seu CD e suas fitas. A partir do meio do show, cada "rá rá" virava comoção na platéia, que repetia em coro, dando a réplica que Selma esperava. O público, já predisposto, se deixou conquistar. Mas pouco restou da intenção programática de "Babel". Primeiro, porque o coco de dona Selma -a aproximação mais cabível, embora longínqua, para entendê-la, é pensar em Clementina de Jesus e seu canto áspero e bruto- cabe no rótulo de manifestação folclórica, coisa em que definitivamente os "modernos" não estão lá muito interessados. Segundo porque, na verdade, os mais descolados passaram longe da roda de coco da pernambucana. A platéia era majoritariamente de freaks -aqueles dos anos 70, bem bicho-grilos, não os neofreaks. Dona Selma foi, afinal, um dos maiores alienígenas da moderna "Babel". Texto Anterior: Zé do Caixão diz ter claustrofobia Próximo Texto: EMERGENTES Índice |
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