São Paulo, segunda-feira, 16 de junho de 1997
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Violado o cessar-fogo em Brazzaville

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Tropas do governo e forças rebeldes se enfrentaram ontem no aeroporto de Brazzaville, capital da República Popular do Congo.
A troca de tiros violou o acordo de cessar-fogo estabelecido na semana passada pelas duas forças.
Militares franceses, que retiraram ontem os últimos cidadãos estrangeiros do país, advertiram os dois lados que haveria retaliação se atacassem suas posições.
A milícia que apóia o ex-presidente Denis Sassou Nguesso atacou soldados leais ao presidente Pascal Lissouba usando lançadores de foguetes e granadas contra o setor militar do aeroporto.
Testemunhas disseram que após várias horas de luta, os milicianos de Sassou Nguesso não conseguiram expulsar as tropas do governo da área do aeroporto.
O plano de retirada de estrangeiros que viviam no país se encerrou ontem, quando aviões levando 87 pessoas partiram de Brazzaville. Dois aviões deixaram o país logo após os combates no aeroporto.
A França pretende agora iniciar a retirada de suas tropas, o que deve acontecer em duas semanas, segundo fontes entre os oficiais franceses baseados no Congo.
Desde os dias finais no poder do ditador zairense Mobutu Sese Seko, foram retirados cerca de 5.500 cidadãos franceses e de outros países da República do Congo e do antigo Zaire.
Embaixada
O governo francês anunciou ontem que a embaixada do país em Brazzaville permanecerá funcionando mesmo depois de completada a retirada.
"Nós não pretendemos fechar a nossa embaixada, mas tomaremos medidas que assegurem a sua proteção", afirmou um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da França.
O presidente Pascal Lissouba pediu ontem ao governo francês que "instale uma força de intervenção" em Brazzaville para pôr fim aos combates entre o Exército e as forças rebeldes lideradas por Sassou Nguesso.
Liossouba disse à televisão francesa que "está fazendo um pedido fervoroso". O presidente do Congo afirmou ainda que a eleição prevista para o final de julho deve ser realizada como o planejado.
"As eleições devem acontecer, pois a democracia não pode ser negociada", disse.
Segundo o presidente, "a comunidade internacional deve organizar as eleições, fiscalizar e garantir a segurança do pleito". As eleições presidenciais estão programadas para o dia 27 de julho.
Sassou Nguesso pediu também uma força internacional para pacificar o país.
Um porta-voz diplomático da França anunciou que seu governo não tem intenção de tomar qualquer ação intervencionista. Ele não confirmou informações sobre a retirada das tropas da República Popular do Congo.

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