São Paulo, segunda-feira, 16 de junho de 1997
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Incêndio fez surgir escola de arquitetura

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
DA ENVIADA ESPECIAL A CHICAGO

Um dos grandes programas em Chicago é fazer um tour a pé pelos principais prédios da cidade.
Por causa do incêndio de 1871, que arrasou boa parte da cidade, na época com cerca de 300 mil habitantes, surgiu a oportunidade de planejar sua reconstrução. Como consequência, em alguns quarteirões do centro de Chicago estão concentradas verdadeiras jóias da arquitetura dos últimos 120 anos.
Um exemplo é a atual sede da Roosevelt University, um prédio construído em 1889, projetado por Louis Henry Sullivan (1856-1924), um dos arquitetos que ajudou a formar a chamada escola de Chicago de arquitetura.
Projetado como uma construção de múltiplas funções, o prédio abriga até hoje um dos mais usados teatros da cidade.
Hoje tombado pelo governo, o prédio foi literalmente cortado, há 30 anos, para permitir o alargamento de uma rua lateral.
A entrada do teatro e algumas salas foram transformadas em calçada, substituindo a que foi transformada em rua.
Atualmente, esse tipo de modificação não seria mais permitida, explica Evelyn Karzen, da Chicago Architecture Foundation.
Nos últimos anos, virou moda valorizar os prédios construídos na virada do século, e muitos deles foram restaurados e tombados pelo serviço histórico da cidade.
O estilo arquitetônico de Chicago se revela especialmente nos detalhes, informa Karzen.
Tornou-se uma marca registrada dos seus prédios, por exemplo, um tipo de janela especialmente desenhada para enfrentar os ventos muitos fortes que sopram do lago Michigan, às margens do qual a cidade cresceu. Apenas as duas partes laterais da janela de Chicago abrem. A parte central é fixa.
Outro detalhe marcante são as portas e enfeites dos elevadores. No início do século, especialmente, houve uma verdadeira disputa entre alguns arquitetos pra ver quem projetava o hall de elevador mais elaborado e elegante.
Alguns dos melhores trabalhos nesse sentido são de Frank Lloyd Wright (1869-1959). São tão bonitos e elegantes que vários deles viraram literalmente peças de museu e foram incorporados ao acervo do Instituto de Arte de Chicago, o maior e mais tradicional museu local.

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