São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 1997
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Amazonino e Cameli vão depor amanhã

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os governadores Orleir Cameli (sem partido-AC) e Amazonino Mendes (PFL-AM) vão prestar depoimento amanhã na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, que investiga a denúncia de compra de votos para aprovar a emenda que permite a reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Também está confirmada a presença do deputado José Jorge (PE), presidente do PFL.
Os depoimentos de ontem evidenciaram as limitações da CCJ para apurar a denúncia.
Santiago e Maia foram expulsos do PFL e acabaram renunciando a seus mandatos depois da revelação do caso pela Folha.
Ontem, prestaram depoimento o deputado Pauderney Avelino (PFL-AM) e a deputada Célia Mendes (PFL-AC) -pela manhã- e o deputado Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA) e o ministro Sérgio Motta (Comunicações) -à tarde.
A CCJ está analisando o processo de cassação dos deputados Chicão Brígido (PMDB-AC) -licenciado-, Osmir Lima (PFL-AC) e Zila Bezerra (PFL-AC), acusados de votar a favor da emenda da reeleição em troca de R$ 200 mil.
Apelo
Antes da confirmação da presença de Cameli e Amazonino, o relator do processo de cassação dos parlamentares do Acre, Nelson Otoch (PSDB-CE), chegou a apelar aos advogados dos deputados acusados para que convencessem os governadores a prestar depoimento na comissão.
O advogado de Chicão Brígido, Luiz Carlos Madeira, disse que não é da sua competência pedir o comparecimento das testemunhas.
"Se a comissão não tem poderes para convocá-los, muito menos os acusados", afirmou. "A falta de testemunhas não poderá ser usada em prejuízo dos acusados", completou o advogado.
"Está se confirmando uma situação que desgasta esta comissão: fazemos os convites, mas não temos poder para convocar", disse o deputado José Genoíno (PT-SP).
Genoíno defende a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), que tem poderes para convocar os depoentes, para apurar a denúncia.
Célia
No seu depoimento, a deputada Célia Mendes disse que as investigações seguiam "o caminho mais fácil, que é descobrir quem é o 'Senhor X"' -como a Folha identifica o autor das gravações que revelaram a compra de votos a favor da reeleição.
"O 'Senhor X' não tem o estilo do meu marido, com quem estou casada há 23 anos", afirmou a deputada. O marido de Célia, o ex-deputado Narciso Mendes, foi apontado como provável autor das gravações.
Mais de uma vez, a deputada disse que estava constrangida em ter de dar explicações à comissão. "Estou sendo obrigada a falar de uma nojeira que eu não tenho nada a ver", afirmou.
No depoimento anterior, Pauderney Avelino disse que, na condição de vice-líder do governo, marcava audiências de deputados com ministros, mas negou que tivesse prometido pagar os votos a favor da reeleição.
"Nunca propalei pelos corredores que haveria qualquer compensação pecuniária. Não seria língua de trapo, boquirroto (que fala muito) e irresponsável a este ponto", afirmou Avelino.

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