São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 1997
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PSDB de São Paulo critica presidente

ELIANE CANTANHÊDE; BETINA BERNARDES

ELIANE CANTANHÊDE
Diretora da Sucursal de Brasília
O PSDB de São Paulo criticou ontem o presidente Fernando Henrique Cardoso por ter recebido o ex-prefeito Paulo Maluf, na véspera, no Palácio da Alvorada. Como defesa, o Planalto avisou que o presidente vai ficar com o candidato do seu partido, o PSDB, nas eleições do Estado em 1998.
A bancada compareceu em peso ao depoimento do governador Mário Covas à CPI dos Precatórios e transformou um almoço com ele em ato de desagravo.
"Essa atitude do Fernando Henrique não é condizente com a crise que o governo enfrenta. É uma crise horrível, que abala os alicerces do governo, e ele fica por aí conversando com o Maluf", disse a deputada Zulaiê Cobra.
Para ela, a crise tem três vertentes: a denúncia de compra de votos, a reforma administrativa que não anda e a escolha do pefelista Luís Eduardo Magalhães (BA) para a liderança do governo na Câmara, "difícil de ser engolida".
Compareceram ao almoço 13 dos 15 deputados federais do PSDB do Estado. Eles foram unânimes em considerar a conversa do presidente com Maluf como um erro.
Conforme a Folha apurou, Fernando Henrique não telefonou antes para Covas, avisando do encontro, nem depois, para relatá-lo. Apenas deu uma entrevista à Rede Globo, antes de receber Maluf, dizendo que em São Paulo não ficaria neutro em 98; ficaria com o seu partido. Ontem, o governador esquivou-se de comentar o assunto.
Disse que há pressão de companheiros do partido para que ele seja candidato à reeleição e que "essas coisas pesam". E acrescentou: "Passou a reeleição. Eu discuto e levo em consideração as opiniões dos companheiros, mas que tipo de conduta a gente vai ter em relação à candidatura, o futuro dirá."
O ex-líder tucano José Aníbal (SP) considerou que o encontro do presidente com Maluf foi inconveniente por três motivos: foi no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente; na véspera do depoimento de Covas à CPI e dias antes do de Maluf; e num momento de muita inquietação no PSDB.

Colaborou Betina Bernardes, da Sucursal de Brasília

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