São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 1997
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UDR dá tiros para afastar invasores de terra no MS

Líder da entidade estava presente; MST nega ligação com caso

EDMILSON ZANETTI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

Fazendeiros ligados à UDR (União Democrática Ruralista) repeliram a tiros, ontem de madrugada, uma tentativa de invasão da fazenda Buritis, no município de Bataguassu (MS).
O presidente da entidade ruralista, Roosevelt Roque dos Santos, participou pessoalmente da ação. Ele diz que não atirou e que os disparos foram feitos por seguranças, para o alto, em resposta a tiros dos sem-terra. "Minha arma é Deus", afirmou. Não houve feridos.
Os sem-terra acamparam à margem da BR-267, a 18 km do local. Eles teriam chegado à área pouco depois da meia-noite, em dois caminhões e três camionetes, segundo Santos, que já estava no local com outros fazendeiros.
A PM passou o dia no local.
O proprietário, Joaquim Adegão Guímaro, montou acampamento junto com outros fazendeiros na entrada da fazenda para impedir eventual invasão. Ele disse que vai se defender como puder. "Com certeza não vou jogar flores se eles entrarem", disse, respondendo à pergunta se estaria armado.
Os sem-terra teriam se deslocado da região de Bataiporã (MS). Não têm qualquer ligação com o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), segundo o dirigente Walter Gomes.
Bataguassu é a primeira cidade do Mato Grosso do Sul depois do Pontal do Paranapanema, principal região de conflito de terra no extremo oeste de São Paulo. Os dois Estados são cortados na região pelo rio Paraná.
A fazenda Buritis foi invadida há um ano por um grupo de 40 sem-terra ligados ao movimento Grito da Terra. Tem 10 mil hectares, cria boi e cultiva milho, mandioca e soja, segundo o dono.
A família Guímaro é proprietária ainda das fazendas São João e Santo Antônio, no município de Marabá Paulista (660 km a oeste de São Paulo). A segunda foi invadida pelo MST no começo do ano. A outra só não foi invadida porque a UDR também montou acampamento de resistência no local.
O fazendeiro disse que entraria ontem na Justiça com interdito proibitório -ação que, deferida, permite despejo imediato em caso de invasão.

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