São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 1997
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Garota é atacada e tem cabelo cortado

DA REPORTAGEM LOCAL

Duas mulheres armadas com uma tesoura prenderam a estudante Erika Cândido de Souza, 22, em frente à sua escola, colocaram-na em um carro e, em um "passeio" de meia hora pela zona leste, cortaram todo o seu cabelo.
O fato ocorreu na noite de anteontem na Penha, zona leste. Por volta das 19h, Erika chegava à escola estadual Padre Antão quando foi surpreendida por duas mulheres que a forçaram a entrar em um carro branco (a estudante não soube dizer a marca), encostando uma tesoura na barriga da menina.
Dentro do carro, as mulheres -brancas e aparentando ter cerca de 20 anos- revistaram a bolsa de Erika, mas não roubaram nada.
"Elas mexeram nas minhas coisas e me deram alguns tapas na cara. Fiquei chorando e elas então começaram a cortar o meu cabelo", disse a estudante.
Segundo Erika, as duas fizeram o corte com o carro em movimento e sentadas no banco da frente. Depois que terminaram o "corte" -Erika tinha cabelos lisos, aloirados, na altura do ombro-, guardaram todo o cabelo.
Durante todo o passeio, as duas mulheres não falaram com Erika e conversaram "baixinho" entre elas. "Eu fiquei tão nervosa, chorando o tempo todo, que não prestei atenção no que elas diziam."
Após ter o cabelo cortado, Erika foi solta em uma rua da Penha. Ontem, a estudante foi obrigada a ir a um cabeleireiro para consertar o que as duas mulheres fizeram.
"Tive que cortar de novo porque elas meteram a tesoura de qualquer maneira", disse.
Venda de cabelos
Erika cursa o 1º ano do 2º grau na escola Padre Antão em horário noturno, não tem namorado e tem poucos amigos na escola porque é o seu primeiro ano nesse colégio.
Ela diz que não entende porque as mulheres a prenderam e cortaram o seu cabelo.
"Não sei se foi para pegar o meu cabelo, mas não acho que foi vingança porque não tenho inimigos", afirmou.
Erika registrou queixa no 10º DP (Penha). A polícia ainda não tem pistas das mulheres, mas a delegada Arlete Korsakas não acredita que elas façam parte de uma gangue que vende cabelos.
Segundo a delegada, esse é o primeiro caso em que uma estudante é atacada e tem o cabelo cortado que é registrado no distrito.
"Nunca vi nada parecido. Não sei qual foi a razão disso, mas não acho que exista um grupo que corta cabelos", disse.
Erika não pretendia ir à aula ontem porque estava com medo de voltar à escola.
"Vou mudar de escola. Estou com medo de que isso aconteça de novo", declarou.

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