São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 1997
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PM condenado por chacina vai a 2º júri

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Marcado para a tarde de hoje, o segundo julgamento do ex-soldado da PM (Polícia Militar) Nélson Oliveira dos Santos Cunha poderá trazer informações novas sobre a chacina da Candelária.
No primeiro julgamento, em 96, Cunha confessara ter participado da chacina de oito meninos de rua, ocorrida no centro do Rio na madrugada de 23 de julho de 1993.
Por causa da confissão, o ex-PM foi condenado a 261 anos de prisão em júri popular realizado no 2º Tribunal do Júri do Rio.
Cunha, 32, volta hoje ao banco dos réus com novo advogado e, possivelmente, nova história.
O advogado é Maurício Neville, cuja atuação no segundo julgamento conseguiu reduzir em 220 anos a pena imposta inicialmente ao ex-PM Marcos Vinícius Borges Emmanuel, condenado por participar do massacre.
Neville deverá centrar a defesa no fato de o réu não ter sido reconhecido pelos menores que sobreviveram à chacina. A advogados de outros acusados, Neville tem dito que Cunha apresentará nomes de mais envolvidos na matança.
Presidido pelo juiz José Geraldo Antônio, o julgamento, marcado para as 13h, deverá terminar na tarde de amanhã, conforme avaliam funcionários do 2º Tribunal.
Também haverá novidades por parte da acusação. No processo desde o início, os promotores José Piñeiro Filho e Maurício Assayag estarão ausentes do júri.
Promovido, Piñeiro Filho virou procurador. Assayag foi transferido para o interior. A acusação ficará a cargo da promotora Glória Percinoto.
O réu Cunha é personagem fundamental na elucidação da chacina. Em abril do ano passado, ele foi à Justiça dizer que participara da matança. Cunha alegou que sentia remorsos, pois seriam inocentes três dos quatro acusados que estavam presos.
Por causa do depoimento, acabaram absolvidos os PMs Cláudio Luís da Silva e Marcelo Cortes e o serralheiro Jurandir de França.
Após o depoimento de Cunha, o quarto preso, o ex-PM Emmanuel, confessou o envolvimento na chacina. Ele foi condenado a 309 anos de prisão no primeiro julgamento. No segundo, sua pena caiu para 89 anos.
Sete jurados sorteados na hora julgarão Cunha pela acusação de ter participado de oito homicídios. O réu tem direito a novo júri porque, por cada homicídio, foi condenado a penas superiores a 20 anos, no primeiro julgamento.
Cunha já chega ao julgamento de hoje condenado a 18 anos, por ter sido, no primeiro júri, considerado culpado da acusação de tentativa de homicídio contra Wagner dos Santos. Por ser inferior a 20 anos, a pena não origina um segundo julgamento.

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