São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 1997
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Concorrência força corte de preços dos chips Intel

AMD, Cyrix e IDT acirram a disputa no segmento Pentium

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A Intel dominou o mercado de microprocessadores por mais de dez anos. Hoje, enfrenta desafios como ter de concorrer com clones e antecipar gerações de chips, para reconquistar sua liderança. A notícia é boa para os usuários de PCs.
Até alguns meses atrás, a Intel se preocupava em determinar o momento de lançar cada novo chip, calcular o preço e definir aperfeiçoamentos que levariam um grande segmento do mercado de PCs a migrar para um novo processador.
Mas, em abril, a AMD pegou a Intel desprevenida, lançando um chip K6 que demonstrou possuir, se não desempenho superior, pelo menos paridade com o Pentium II, a um preço inferior.
Algumas semanas mais tarde, a Cyrix lançou chips igualmente impressionantes, e até a recém-fundada Centaur invadiu o mercado.
Tudo indica que mais fabricantes de chips vão entrar nessa disputa, entre eles a IBM, a International Meta Systems, a National Semiconductor e a SGS-Thompson.
Para agravar a situação, há os processos por violação de patente movidos pela Digital e pela Cyrix contra a Intel.
Atenção
Publicamente, a Intel não está dando muita atenção aos novos concorrentes, que não possuem capacidade produtiva significativa, por enquanto.
Ocorre que a AMD já demonstrou ser capaz de roubar metade das vendas de 386 da Intel. Estava prestes a repetir a façanha com o 486 quando os consumidores se apaixonaram pelo Pentium.
A maior diferença entre a concorrência passada e a atual é que hoje, em lugar de chegarem ao mercado com um ou dois anos de atraso, os concorrentes estão chegando ao mesmo tempo que a Intel -e seu produto custa menos.
O novo chip de 200 MHz da IDT, por exemplo, custa apenas US$ 100 no atacado, contra os quase US$ 600 do Pentium II da Intel.
É pouco provável que os principais fabricantes de PCs queiram abandonar a Intel, mas não faltam no mundo mercados onde o preço faz muita diferença.
Juntas, a AMD, a IDT e a Cyrix vão poder produzir um volume tal de processadores, que a Intel não terá escolha senão abrir mão de sua estrutura atual de preços.
Ironicamente, não é isso que os concorrentes do Pentium querem. Exceto a AMD, eles visam apenas uma parte pequena do mercado de chips para PCs. Mas mesmo 1% desse mercado já vale cerca de US$ 150 milhões.
Observadores da indústria dizem que a estrutura de preços da Intel tem de mudar. "Acho que a Intel vai cortar seus preços drasticamente", disse Jim Poyner.
A própria Intel anunciou na semana passada sua intenção de reduzir os preços dos chips MMX, em função do crescimento de 10% obtido na produção em maio.
Para analistas do mercado, o corte, previsto para agosto, deve ficar entre 35% e 50%, em função da concorrência.
Segundo os analistas, o preço do MMX de 200 MHz deve cair de US$ 492 para US$ 247, o de 166 MHz, passaria de US$ 270 para US$ 142, e o de 233 MHz, sairia de US$ 594 para US$ 378.
Alternativos
Um exemplo das opções que os compradores de micros terão pela frente é a série de PCs baseados em chips Cyrix de 166 MHz a 233 MHz, da CyberMax Computers. Os sistemas vão custar entre US$ 1.900 e US$ 2.300 no varejo, contra os cerca de US$ 3.000 de similares baseados em chips Intel.
"Este é o ano do processador alternativo", comentou o gerente de marketing da Cyrix, Stan Swearing, acrescentando que os chips Cyrix passarão a ser produzidos em volumes grandes em julho.
AMD, Cyrix e IDT já começaram a promover seu novo chip junto a fabricantes de PCs. Ao que consta, vários fabricantes de placas principais de Taiwan disseram que pretendem utilizar todos os chips.
Apesar do susto, a Intel tem sido tão sólida que continuará liderando o mercado no futuro previsível, mesmo que todas as piores hipóteses venham a se concretizar.
A longo prazo, os concorrentes terão de provar que são capazes de acompanhar o ritmo da Intel. E isso provavelmente não será fácil.
Para começo de conversa, a Intel desenhou seu novo pacote de chips já com vistas aos requisitos futuros dos microprocessadores de 1 GHz.
Também é possível que a empresa acelere os cronogramas de lançamento e produção de processadores PI mais velozes e da próxima geração de processadores IA/64, de 64 bits, como parte de sua contra-ofensiva.
Uma contra-ofensiva da Intel não surpreenderia ninguém. Mas não significaria mais dominar todos os segmentos do mercado.

Tradução de Clara Allain

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