São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 1997
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Grupo propõe desobediência civil em HK

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Partido Democrático (PD) de Hong Kong anunciou ontem que irá realizar um protesto pró-democracia na cerimônia de entrega da colônia britânica à China, marcada para o dia 1º de julho.
A possibilidade de confrontos não está descartada, já que os líderes do partido prometeram se valer da desobediência civil para se fazerem escutar.
Os políticos querem protestar contra a dissolução do Parlamento de Hong Kong, eleito democraticamente, e contra sua substituição por um Conselho Legislativo Provisório, cujos membros foram escolhidos pelo governo de Pequim.
"Se a porta estiver fechada, utilizaremos certos tipos de desobediência civil, mas apenas como último recurso", disse o vice-presidente do partido, Yeung Sam.
Uma concentração de simpatizantes do PD deve ocorrer em frente ao prédio do Parlamento na noite do dia 30 de junho.
Segundo Yeung, membros do PD que foram convidados para a cerimônia de entrega de Hong Kong vão ler um manifesto no intervalo entre a destituição do atual Parlamento e os procedimentos de juramento dos novos legisladores.
"Apoiamos a volta de Hong Kong à China, mas lutaremos pela democracia", afirmou Yeung.
Primeiro ato
O primeiro ato do Conselho Legislativo Provisório deve ser a promulgação de uma nova lei sobre o direito de manifestação.
Atualmente, para realizar um protesto, é exigido apenas uma comunicação prévia às autoridades. A nova lei deverá exigir que as manifestações sejam autorizadas pela polícia, que vai levar em conta, entre outros fatores, a "segurança nacional" da China.
Outro ponto que preocupa os ativistas pró-democracia é o fato de que todas as leis promulgadas pelo Conselho Legislativo Provisório (CLP) terão efeito retroativo.
O porta-voz do CLP, Simon Wong, não descartou a "possibilidade de que se persiga os manifestantes retroativamente" -ou seja, aqueles que participaram de protestos antes da promulgação da nova lei, quando as condições de legalidade eram diferentes.
Pesquisa
Além dos democratas, as mulheres de Hong Kong, mais do que os homens, também não estão felizes com o iminente domínio chinês.
Pesquisa realizada pelo cientista Michael DeGolyer mostra que apenas 8% das mulheres da colônia consideram ser magnífico o regresso à China, contra 20% dos homens com opinião semelhante.
Vaticano
O Vaticano divulgou ontem um documento em que manifesta sua preocupação pelo futuro de Hong Kong após sua devolução à China.
Segundo a Santa Sé, "os católicos não podem se calar sobre perseguições". O governo comunista da China é criticado pelo Vaticano pela repressão e controle que exerce sobre os católicos chineses.

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