São Paulo, quinta-feira, 19 de junho de 1997
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PT descarta aliança com tucanos em SP

ELIANE CANTANHÊDE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente nacional do PT, José Dirceu, praticamente descartou a possibilidade de um acordo entre o PT e o PSDB em São Paulo para as eleições de 1998. Ele é um dos candidatos potenciais do PT ao governo do Estado.
Dirceu se disse convencido de que o presidente Fernando Henrique Cardoso vai negociar um apoio velado ao ex-prefeito Paulo Maluf, deixando o governador Mário Covas "na mão". Covas deve disputar a reeleição.
A posição de FHC, porém, não significa que haverá uma aproximação natural do PT e do PSDB em São Paulo. "Isso é quase impossível", opinou o presidente do PT, considerando difíceis as relações dos dois partidos também no nível estadual.
A posição do deputado José Genoino (PT-SP) é mais elástica. Ele se disse a favor de uma conversa entre os dois partidos, independentemente de haver ou não possibilidade de aliança.
"Se eu tivesse o poder do Covas e do Lula (Luiz Inácio Lula da Silva), já estava promovendo a conversa dos dois partidos há muito tempo", disse. Para ele, "o governo Covas sempre foi discriminado pelo governo Fernando Henrique".
Em jantar com jornalistas, anteontem, José Dirceu analisou que haverá um candidato único das esquerdas, e que Lula é o nome "inquestionavelmente mais forte".
Ele defende uma ampliação do leque de alianças do PT para as eleições de 1998 e para o futuro. Essa ampliação não deveria ser apenas com outros partidos de esquerda, mas também de centro-esquerda, e abranger até setores nacionalistas do empresariado.
Descartou a possibilidade de os ex-presidentes Itamar Franco e José Sarney terem apoio do PT e considerou praticamente impossível a candidatura Ciro Gomes (tucano e ex-governador do Ceará). "Ele está doido para sair do PSDB. Pode querer concorrer pelo PSB ou PPS. No PT, não tem chance", disse.
José Dirceu considerou o prefeito de Belo Horizonte, Célio de Castro, um nome em ascensão nas esquerdas, mas como opção "apenas no futuro". Castro é do PSB.
O presidente petista, que estava acompanhado no jantar pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP), insistiu em que "houve o dedo" do governo federal nas denúncias de envolvimento das prefeituras do PT com irregularidades.
Ele, porém, disse que "essas manobras não causaram nenhum estrago na imagem do partido, nem de Lula".
Admitiu, todo o tempo, que a esquerda do PT prejudica as alianças do partido e, assim, suas possibilidades de vitória.

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