São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 1997
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Senado dificulta a venda do Banerj

Empréstimo não é votado

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA SUCURSAL DO RIO

O Senado impôs ontem uma inesperada resistência ao financiamento de R$ 3,088 bilhões ao Estado do Rio de Janeiro, que iria viabilizar a privatização do Banerj, adiando por pelo menos mais uma semana o leilão da instituição.
A sessão da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado foi aberta com a perspectiva de rápida aprovação, mas houve recuo de líderes do governo diante da ameaça de derrota por 9 a 4.
"Querem salvar o Banerj e quebrar o Rio de Janeiro", disse o senador Roberto Requião (PMDB-PR), que integrou o grupo de resistência de última hora.
Ele reclamava da falta de documentos e de comprovação do valor que seria necessário para cobrir o rombo do fundo de previdência dos funcionários do Banerj.
"Não tem lógica. Estaremos aprovando um empréstimo de R$ 3 bilhões para vender um banco por R$ 300 milhões", afirmou o senador Levy Dias (PPB-MS).
Anteontem, o relator do pedido de empréstimo, senador Ney Suassuna (PMDB-PB), dava como certa a aprovação, após acordo com o PT e o presidente do PPB, senador Esperidião Amin (SC).
Mas não adiantou, pois o senador Abdias Nascimento (PDT-RJ) pediu para analisar o projeto por 24 horas. Isso adiaria a votação, na melhor das hipóteses, para a semana que vem.
O grupo de resistência ao projeto incluiu até mesmo o ex-controlador do banco Bamerindus José Eduardo de Andrade Vieira (PTB-PR). "Por que não resolvem o problema do Banerj com dinheiro do Proer?", perguntou.
Com a reação do plenário, a oposição começou a se articular para rejeitar o empréstimo, o que inviabilizaria definitivamente a privatização do Banerj. Nesse momento, o líder do governo no Congresso, senador José Roberto Arruda (PSDB-DF), pediu vista do pedido, sustando a análise do projeto. Não há data para voltar à pauta.
O impasse na privatização está provocando um racha na família Alencar. O governador Marcello Alencar (PSDB) e seu filho mais velho, Marco Aurélio Alencar, secretário da Fazenda, defendem um desfecho para o problema que mantenha o banco funcionando.
Já o filho mais novo do governador, Marco Antônio Alencar, secretário do Gabinete Civil, é favorável a que o problema seja deixado a cargo do BC, que administra o Banerj há dois anos e meio em regime especial, ainda que implique a liquidação do banco.

Colaborou a Sucursal do Rio

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