São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 1997
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GOVERNO EM AÇÃO

Na atual ofensiva para mostrar um aspecto até agora desconhecido de sua atuação, o governo federal, segundo ele próprio, vem dando ênfase à divulgação de um conjunto de obras de infra-estrutura, batizado de "Brasil em Ação".
Num dos mais recentes lances dessa iniciativa, o governo acaba de anunciar que pretende cobrir os buracos das estradas. O presidente foi mais longe: fixou como meta a recuperação de todas as rodovias federais em 120 dias, prazo no qual elas deverão também receber pintura nova e faixas de sinalização. É evidente que o anúncio de tais medidas sinaliza o início de fato da campanha eleitoral, apesar de FHC negá-lo.
Mas, ao mesmo tempo, o ministro do Planejamento trouxe a público um balanço do programa "Brasil em Ação". Em contraposição à urgência talvez pouco factível da reforma das estradas, o ministro Antonio Kandir mostra que o governo segue uma ordem de prioridades.
A prestação de contas é oportuna. As turbulências políticas recentes e o definhamento das reformas constitucionais fragilizaram a imagem do Executivo. O anúncio de investimentos e a divulgação dos resultados obtidos ajuda a difundir o sentimento de que o país não está parado e de que as autoridades dão conta das tarefas para as quais foram eleitas.
Essas implicações políticas não alteram o fato de que um governo precisa não só dar visibilidade ao que faz, mas identificar prioridades.
Nesse sentido, o "Brasil em Ação" é também um esforço de gerenciamento de prioridades que, dada a escassez de recursos, tem o mérito de explicitar metas. O governo dá ênfase à superação de restrições de infra-estrutura, sobretudo nas áreas de transporte e energia, ingredientes importantes do "custo Brasil".
Afinal, governar pode já não ser sinônimo de abrir estradas, mas é antes de tudo dar satisfação de como são gastos os recursos da sociedade.

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