São Paulo, sábado, 21 de junho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Franco alerta PSDB para críticas ao Proer

DA SUCURSAL DO RIO

O diretor da área externa do BC (Banco Central), Gustavo Franco, disse que a militância do PSDB deve estar preparada para defender o Proer (programa de financiamento para fusões e aquisições bancárias) na campanha eleitoral de 98.
Mesmo assim, ele disse que não tem "lá muitas esperanças que a Justiça vá atrás dos responsáveis para pegar os recursos". Segundo Franco, "a experiência mostra que a Justiça não consegue prender nem punir os responsáveis".
Franco disse ser difícil fazer uma previsão de quanto do total emprestado pelo Proer poderá ser reavido pelo Tesouro Nacional. "Temos garantias sob a forma de títulos, cujo valor nominal é de 120% dos empréstimos concedidos", disse. No entanto, muitos desses títulos são negociados com deságio.
"Deve estar presente na campanha (eleitoral) que (o Proer) é programa para banqueiro, que há dinheiro sim", disse Franco. Ele disse que o Proer não empresta para banqueiro falido, mas sim para o banqueiro que "compra o problema".
Durante o seminário "A Globalização e a Modernização Brasileira", promovido pelo Instituto Teotônio Vilela, ligado ao PSDB, na sede do Jockey Club Brasileiro, no centro do Rio, Franco deu dois exemplos de como os recursos aplicados no Proer podem ser reavidos.
O primeiro exemplo foi a negociação de ações do Unibanco, dadas ao BC à época da negociação de compra do Banco Nacional. Essas ações valiam R$ 600 milhões. Foram vendidas por R$ 1,07 bilhão.
O outro exemplo é a obrigatoriedade, imposta pelo BC, de bancos estrangeiros que quiserem se instalar no Brasil terem que adquirir alguns dos ativos de que o BC dispõe, dados em garantia para os recursos do Proer.
Franco disse que a militância do PSDB precisa entender que o Proer foi uma medida de emergência. "Quando há um desabamento, é necessário salvar os desabrigados."
Ele disse que, no caso do sistema financeiro brasileiro, cerca de 5 milhões de correntistas, com depósitos de cerca de R$ 15 bilhões, foram atingidos pela crise. Para Franco, o anúncio do fim do Proer mostra que o governo prevê que os problemas do sistema bancário estejam no fim.

Texto Anterior: Fim da CPMF já preocupa o governo
Próximo Texto: "PFL é galinha que faz muito barulho e põe ovo pequeno"
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.