São Paulo, sábado, 21 de junho de 1997
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Rarará

JUCA KFOURI

Que me desculpem os tricolores cariocas e os rubro-negros paranaenses, mas o brasileiro mais feliz do mundo é o deputado Marquinho Chedid.
Afinal, desde que ele votou pela reeleição do presidente da República, só coisas boas aconteceram em sua vida.
Seus pares da Câmara o absolveram, seu Bragantino voltou à primeira divisão, e uma cidade do interior paulista mostrou ter mais força que Pernambuco, que viu o Náutico preterido.
E por que o Náutico? Por nada, oras, da mesma maneira que a manutenção do Atlético-PR não justifica a inclusão do Fluminense ou de quem quer que seja.
A idéia não era exatamente a de diminuir gradativamente o número de clubes na primeira divisão? Era, não é mais, pois Rico Terra, chefe da Casa Bandida do Futebol, não é homem de aguentar pressões e tratou de fazer com que o inferior tribunal desse um jeito, mesmo que recorrendo a um texto já caduco do monstruoso Código Brasileiro Disciplinar de Futebol.
E ao que tudo indica era forte mesmo o argumento dos paranaenses -provas gravadas do relacionamento entre Terra e Ivens Mendes, além do envolvimento de outros clubes como, de resto, é obviamente presumível.
Tanto que a pior das punições ao Atlético é risível, como tudo neste caso. O clube não pode jogar em seu estádio que, por acaso, está demolido, no chão, para construção de outro, ou seja, não seria mesmo utilizado.
Agora, a decisão da cartolagem nem sequer causa indignação, só risos, gargalhadas mesmo, tamanho o escárnio.
Tudo faz sentido. O jornalista fica feliz por ter mantido o leitor informado sobre como seria o desfecho -embora reconheça ter se surpreendido com a força dos Chedid- e com a desmoralização irreversível dos cartolas.
Por sinal, cadê aquele Eduardo Farah que anunciara que lideraria um movimento dos clubes paulistas contra a virada de mesa?
Pois, por mais que agora tente salvar as aparências, ele teve um encontro secreto, num hangar do aeroporto de Congonhas, com Rico Terra, que resultou no afastamento do Corinthians do julgamento. Tudo isso somado, não espanta que um júri popular -popular, veja bem- absolva o réu confesso da chacina na Candelária.
E que esta coluna tenha resolvido lançar a campanha "Caixa D'Água-98", à presidência. Da República, é claro!

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