São Paulo, sábado, 21 de junho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ballet Real exibe clássico e moderno

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Peter Bo Bendixen, um dos 11 solistas do Ballet Real da Dinamarca, que se apresenta sábado e domingo no Teatro Municipal, lembra que seu país possui somente 5 milhões de habitantes.
"No entanto, a Dinamarca sempre produziu grandes estrelas do balé", afirma Bendixen, salientando que tal fato se deve "à maravilhosa escola" que o país mantém como tradição secular.
Como o Ballet da Ópera de Paris, o grupo nasceu nos ambientes da corte, no século 16. No reinado de Frederik 3º (1648-70), floresceu estimulado pela rainha Sophie Amalie, que chegou a dançar em alguns espetáculos.
Mas quem marcou a história do Ballet Real da Dinamarca foi August Bournonville (1805-1879), que dirigiu a companhia durante quase 50 anos. Bailarino, coreógrafo e professor, Bournonville tornou-se um dos autores mais importantes da dança clássica.
Trechos de dois de seus balés serão apresentados neste fim-de-semana: o pas-de-deux de "Festival de Flores em Genzano" (de 1858) e o terceiro ato de "Napoli" (1842).
"Temperado pelo folclore italiano, 'Napoli' possui uma tarantela carregada de energia. Seu terceiro ato é alegria pura", diz Bendixen.
"É preciso ter pés muito rápidos para dançar as obras de Bournonvilleç, prossegue o bailarino. "Em seus balés, cada passo gera uma sucessão desafiadora de outros passos."
Além de Bendixen, o grupo de 11 solistas do Ballet Real da Dinamarca inclui estrelas como Nikolaj Hubbe, que também integra o elenco do New York City Ballet.
Nessa tradicional companhia norte-americana, Hubbe não é o único dinamarquês. Peter Martins, diretor do New York City, nasceu em Copenhague, estreou no Ballet Real da Dinamarca em 1965 para em seguida se tornar uma estrela internacional.
Desde os anos 80, Martins também assina coreografias. Duas obras de sua autoria integram o programa deste fim-de-semana: "Zakouski", um duo de 1992 que Martins criou especialmente para Nikolaj Hubbe, e "Concerto para Violino de Barber".
"Sobre música homônima de Barber, este segundo balé é um encontro entre uma bailarina clássica e um bailarino moderno que, juntos, misturam duas formas distintas de dança", explica Bendixen.
Para mostrar que seu repertório vai do clássico ao contemporâneo, o Ballet Real da Dinamarca soma às obras de Bournonville e Martins uma peça de Maurice Béjart ("Serait-ce la Mort?", de 1970, sobre música de Strauss) e três de Balanchine ("Apollo", "Pas de Deux de Agon" e "Tchaikovski Pas de Deux").
"Depois de um período de crise, motivado por várias mudanças de direção, o Ballet Real da Dinamarca vem recuperando a força de seus tempos áureos", comenta Bendixen.
"Entre os 90 bailarinos do elenco, há jovens de grande potencial, que se desenvolveram na tradição de nossa escola." Segundo Bendixen, o Ballet Real da Dinamarca continua capaz de produzir expoentes como o bailarino Erick Bruhn, contemporâneo de Nureyev, considerado um dos melhores de sua época, que morreu em 1986, aos 58 anos.

Espetáculo: Ballet Real da Dinamarca
Onde: Teatro Municipal de São Paulo (pça. Ramos de Azevedo, s/nº, tel. 011/222-8698)
Quando: sábado e domingo, 21h
Quanto: de R$ 10 a R$ 60

Texto Anterior: Bossa Nova divide espaço com AI-5
Próximo Texto: Bournonville criou estilo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.