São Paulo, sábado, 21 de junho de 1997
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Blair quer mais preparação para o emprego

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

Tony Blair, o novo premiê trabalhista britânico, estréia no G-7 com uma proposta pouco original: flexibilizar o mercado de trabalho e dar ênfase à "empregabilidade", em vez de programas oficiais para a criação de empregos.
Essa palavra vem usada há mais de um ano pelos especialistas. Significa que o cidadão não tem de se preocupar mais com o emprego em que está, mas em preparar-se tão bem que pode mudar de emprego para emprego sem perder renda.
Como? Na prática, ninguém ainda sabe, embora haja um punhado de propostas no sentido de que o trabalhador se atualize sempre.
Em todo o caso, Blair chegou a Denver achando que "é uma boa oportunidade para colocar empregos, empregabilidade e reforma econômica bem no topo da agenda", conforme dizem seus porta-vozes.
Combina, rigorosamente, com a pregação do presidente Bill Clinton, o anfitrião. Ao chegar anteontem a Denver, Clinton repetiu, pela enésima vez, o seu refrão "investir mais em nossa gente", pondo toda a ênfase em educação e treinamento.
Aliás, Clinton e Blair, há duas semanas, já haviam proposto um programa para o emprego, nas mesmas linhas, quando se reuniram para as comemorações do 50º aniversário do Plano Marshall, que financiou a recuperação da Europa ao final da Segunda Guerra Mundial.
Na delegação americana, há até quem mencione a hipótese de que os líderes do G-7 "convoquem uma conferência internacional para discutir criação de empregos e treinamento", como diz David Lipton, subsecretário do Tesouro para Assuntos Internacionais.
Seria uma tremenda redundância: no ano passado, a França já hospedou uma reunião especial do G-7 exatamente sobre emprego.
Nem houve acordo então nem se criaram empregos, pelo menos não na Europa. Ao contrário, o desemprego aumentou na própria França e também na Alemanha.
Seria impraticável um entendimento entre os países do G-7 agora que o novo governo socialista francês anuncia uma intervenção direta do Estado para criar empregos, na exata contramão das teses de Blair.
(CR)

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