São Paulo, sábado, 21 de junho de 1997
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Ieltsin vai tirar o Japão de sua mira nuclear

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente russo, Boris Ieltsin, afirmou ontem ao premiê japonês, Ryutaro Hashimoto, que vai tirar o Japão da lista de alvos de seus mísseis nucleares.
A medida é mais simbólica, uma vez que a definição dos alvos pode ser programada rapidamente.
Ieltsin sabe, porém, que esse tipo de anúncio é bom para a imagem da Rússia. Há cerca de um mês, ao assinar um acordo com a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte, a aliança militar ocidental), ele fez a mesma promessa para os antigos inimigos.
Além disso, Ieltsin afirmou que "já é hora de a Rússia 'desapontar' seus mísseis mirados para China".
O premiê Hashimoto reagiu bem à proposta, segundo o porta-voz da delegação japonesa na reunião do G-7 mais Rússia em Denver.
Ieltsin disse ao colega que estava "desapontado com o nível das relações entre os dois países". A Rússia precisa de investimentos externos, e o Japão é um dos principais alvos econômicos do presidente.
Ficou acertado, além da questão dos mísseis, que Ieltsin e Hashimoto farão reuniões de cúpula frequentes e que estabelecerão linhas diretas de telefone para resolver problemas entre ambos os países.
Para os japoneses, porém, ainda falta um ponto importante: a devolução da Kurilas, um arquipélago formado por quatro ilhas na costa leste da Rússia.
As ilhas foram tomadas do Japão no fim da Segunda Guerra e são reivindicadas por Tóquio. Os russos rejeitam devolvê-las.
Clube de Paris
Além das novidades diplomáticas, Ieltsin recebeu uma boa notícia para a economia russa.
O país foi admitido do Clube de Paris, o grupo dos países credores que discute negociações de dívidas em todo o mundo.
A admissão só veio porque, em novembro passado, o governo russo aceitou devolver à França (chefe do clube dos credores) US$ 400 milhões referentes a dívidas anteriores a 1917 -que a ex-União Soviética se negava a pagar.
Apesar de Moscou ter dívidas na casa dos bilhões de dólares, a entrada tem efeito prático porque será possível reaver dinheiro emprestado a antigos satélites soviéticos e a países do Terceiro Mundo onde a União Soviética queria o comunismo implantado.

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