São Paulo, domingo, 22 de junho de 1997
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Só crise no governo fará Maluf concorrer

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Paulo Maluf só será candidato ao Planalto se a imagem de Fernando Henrique Cardoso estiver abalada a ponto de o atual presidente não ter chances reais na disputa.
Ou, pelo menos, se FHC não entrasse na campanha eleitoral com uma dianteira tão grande como a que tem hoje.
Na visão malufista, isso tudo só aconteceria se novos grandes escândalos de corrupção abalassem o governo FHC -como foi o caso recente da compra de votos a favor da emenda da reeleição.
Por essa hipótese ser intangível, Maluf simplesmente espera. O plano B -e no momento único- do malufismo já está claro e definido: disputar o governo de São Paulo.
Por enquanto, o ex-prefeito e ex-governador de São Paulo está fazendo peregrinações pelo interior do Estado. Acerta possíveis alianças. Está, como dizem os políticos, se posicionando.
No cenário nacional, fará de tudo para desestabilizar FHC. Mas nunca o Plano Real.
O encontro que forçou com FHC na semana passada foi um golpe de mestre de Maluf. A conversa entre os dois foi inócua. Mas o resultado foi péssimo para o presidente e ótimo para o ex-prefeito.
Enquanto no PSDB, partido de FHC, começou a se cristalizar uma conflagração dos chamados tucanos autênticos (os verdadeiros sociais-democratas), no PPB, partido de Maluf, a festa foi geral.
Ao contrário do que muitos imaginam, Maluf não deseja uma piora no estado da economia.
Os estrategistas malufistas concluíram uma coisa óbvia já há algum tempo. Uma crise econômica tiraria de FHC um segundo mandato, mas também inviabilizaria a candidatura de Maluf.
Com o fracasso do real, o eleitorado ficaria muito mais propenso a votar em candidatos localizados do centro para a esquerda do espectro político. Para Maluf, portanto, esse cenário é péssimo.
Essa é a razão do ex-prefeito ter decidido agora fazer o possível para que o Congresso aprove as reformas constitucionais que possam ajudar a manter a estabilidade da moeda. Assim, não poderá ser acusado de boicotar o Plano Real.

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