São Paulo, domingo, 22 de junho de 1997
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Esquerda enfrenta FHC e falta de verba

ELIANE CANTANHÊDE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PT, principal partido da esquerda, já sai com dupla desvantagem na eleição presidencial. Não tem máquina administrativa nem perspectivas animadoras de financiamento dos gastos de campanha.
O presidente do PT, José Dirceu, não só admite esses dois problemas como sugere uma alternativa política e pragmática: a ampliação da aliança das esquerdas com setores nacionalistas do empresariado.
"Tem muita gente insatisfeita", disse Dirceu na semana passada. Ele se referia a pequenos e médios empresários que se sentem prejudicados pela política de juros e pela concorrência estrangeira.
Há, porém, setores do próprio PT que são refratários à política de alianças que Dirceu e o candidato natural do partido -Luiz Inácio Lula da Silva- tanto defendem. São os chamados "ortodoxos" ou "esquerdistas", que não abrem mão de candidaturas próprias.
Fazem parte desse grupo, entre outros, o prefeito de Porto Alegre, Raul Pont, e os deputados Milton Temer (RJ) e Ivan Valente (SP).
Lula já se reuniu com os principais líderes do PDT (Leonel Brizola), do PC do B (João Amazonas) e do PSB (Miguel Arraes). Mas ele e Dirceu acham que essa munição é pouca para enfrentar o candidato oficial, Fernando Henrique Cardoso, e o peso do governo.
Na própria esquerda há reações contrárias à aliança. O PPS do senador Roberto Freire (PE), por exemplo, ainda não decidiu se mantém o apoio ao governo ou se vai com a oposição.
Dirceu diz que Lula, apesar de duas derrotas consecutivas, "tem chances de ganhar". Mas, internamente, a sensação não é essa.
"O PT não entra só para ganhar nas urnas, mas para ganhar no discurso, para se fortalecer", admite o deputado José Genoino (SP), outro defensor de alianças amplas.
Na avaliação de Dirceu, as esquerdas não dariam guarida a candidaturas como a do ex-presidente Itamar Franco ou do ex-governador Ciro Gomes (PSDB).
Na sua opinião, o ex-prefeito Tarso Genro, de Porto Alegre, do PT, e o prefeito Célio de Castro, de Belo Horizonte, do PSB, são nomes em ascensão. "Mas essas são opções para o futuro", disse.
(EC)

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