São Paulo, domingo, 22 de junho de 1997
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Terapia substitui remédio contra obsessão

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Um estudo inédito no Brasil vai verificar se o tratamento para o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) só com técnicas de terapia pode produzir as mesmas alterações no cérebro que um tratamento com remédios.
O TOC está entre os quatro distúrbios psiquiátricos mais comuns no mundo. Trabalhos apontam que de 2% a 3% da população tem sintomas obsessivos e compulsivos em algum momento da vida.
O TOC é tradicionalmente tratado por uma combinação de medicamentos e técnicas de terapia comportamental. Os remédios mais indicados são os antidepressivos que atuam sobre a serotonina -um dos "mensageiros" químicos do cérebro, que pode estar alterado nos pacientes com o distúrbio. As técnicas de terapia comportamental expõem propositalmente os pacientes às situações que provocam suas obsessões.
Luiz Armando de Araújo, psiquiatra do Hospital das Clínicas da USP, afirma que um grupo norte-americano já tratou 11 pacientes com TOC só com técnicas de terapia comportamental e comparou as imagens dos cérebros deles com imagens de outros 11 que recebiam medicações. O resultado foi muito semelhante, indicando que os dois tipos de tratamento agiam nas mesmas áreas do cérebro.
Para "vasculhar" as imagens da cabeça, os médicos usaram técnicas de medicina nuclear. Um elemento que emite radiação (marcador) é acoplado a uma substância que é "consumida" pelo cérebro.
Assim, quando a combinação é injetada no corpo (por meio de injeção), a substância marcada vai para o cérebro e várias "fotos" são feitas a partir da radiação emitida.
A radiação é capaz de revelar quais são os pontos do cérebro que estão com maior e menor atividade. Assim, é possível ter uma idéia mais precisa do efeito que determinado tratamento está produzindo no cérebro dos pacientes.
Brasil
Segundo Araújo, um grupo do Hospital das Clínicas planeja repetir o estudo americano com um número bem maior de pacientes.
A expectativa é que o estudo brasileiro comprove que tanto as drogas como a terapia comportamental funcionam do mesmo modo e podem alcançar o mesmo sucesso.
Essa conclusão seria importante para ampliar os tratamentos de uma das doenças mentais mais incapacitantes. Uma pessoa pode perder tanto tempo envolta em suas obsessões e compulsões que pode deixar de ter tempo hábil para estudar ou trabalhar. Além disso, é comum que outros sintomas, como crises de ansiedade e depressão, acompanhem as pessoas que têm um TOC mais severo.

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