São Paulo, domingo, 22 de junho de 1997
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Camboja confirma detenção de Pol Pot

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O governo do Camboja confirmou ontem a informação de que Pol Pot, líder do regime genocida do Khmer Vermelho entre 1975 e 1979, foi detido por ex-comandados seus.
O primeiro premiê do país, príncipe Norodom Ranariddh, e seu companheiro de chefia de governo, o co-premiê Hun Sen, disseram que o líder da guerrilha e seu braço direito, Khieu Samphan, estão presos e devem ser submetidos a um julgamento por um tribunal internacional. "É o final do Khmer", afirmou Hun Sen.
Os premiês, que dividem o poder apesar de serem adversários políticos, disseram que Pol Pot seria levado para Phnom Penh (capital) e que vão pedir que o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, estabeleça um tribunal para julgá-lo pelas estimadas mortes de 1 milhão a 2 milhões de pessoas -de fome, tortura e massacres.
As autoridades não disseram onde precisamente ele estaria detido, quando seria levado para a capital nem qual o destino de outros líderes do Khmer, cujo período à frente do governo foi retratado no filme "Os Gritos do Silêncio" (Rolland Joffe, 1984).
A facção responsável pela captura será integrada ao Exército do país após apresentar sua rendição formal, disseram os premiês.
Informações desencontradas
Anteontem, após diversas informações contraditórias, a rádio do Khmer anunciou que Pol Pot havia sido preso na quinta, na zona do norte do país controlada pela guerrilha.
Desde 1980, quase dois anos após seu governo ser derrubado por uma invasão vietnamita, Pol Pot, 69, não é visto em público. Há relatos de que ele estaria muito doente -com malária.
O grupo vinha conduzindo uma guerra de guerrilha contra o governo desde 1993, quando uma eleição geral patrocinada pela ONU selou a pacificação. Mas uma séria de defecções, ofensivas do governo e rachas enfraqueceram o Khmer.
No começo deste mês, irromperam violentos combates entre diferentes facções do grupo. Pol Pot teria mandado matar Son Sen, seu ex-ministro da Defesa, e mais de dez membros da família dele. Após ordenar o massacre, ele teria abandonado sua base, na cidade de Anlong Veng (norte).

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