São Paulo, domingo, 22 de junho de 1997
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Que país é este?; Democracia em avanço; Solidariedade; Engano; Caso PT; José Rainha; Chega de retranca; Censura medieval; Pista esburacada; Trem da morte; Explicação inconsistente

Que país é este?
"Que governo é este? Que aloca advogados, ministros e o próprio presidente para impor a venda da Vale do Rio Doce e em contrapartida não esclarece assassinatos de sem-terra.
Que credita R$ 20 bilhões a bancos falidos enquanto impõe uma CPMF para socorrer a saúde pública.
Que pede 'punição' (alguma vez houve?) para aqueles que comerciaram votos enquanto defende a manutenção dos resultados, ainda que fraudados.
Que Justiça é esta? Que detém uma Diolinda, mas não um Paulo Maluf, ambos apenas suspeitos de cometer delitos!"
Sergio Leopoldo Liwschitz (São José dos Campos, SP)

Democracia em avanço
"No caso das compras efetuadas pela tripulação de navios da Marinha, sem o devido recolhimento de tributos, um aspecto me choca: a gloriosa Marinha deveria dar um exemplo de cidadania.
Por outro lado, o presidente -querendo informações/resultados do Ministério da Marinha- e a Receita Federal -fazendo valer sua competência para acompanhar o desembarque de mercadorias nas bases navais- demonstram que a democracia que estamos vivendo, apesar de claudicante, caminha."
Paulo R. Leopardi (Jundiaí, SP)

Solidariedade
"Com relação às críticas do ministro Sérgio Motta relatadas no texto 'Motta ataca a Folha e critica reportagem', queremos hipotecar nossa irrestrita solidariedade aos jornalistas Carlos Heitor Cony, Janio de Freitas e Josias de Souza, por seu maravilhoso trabalho na cobertura do mercado de voto."
Antoniel Alves Feitosa (Recife, PE)

Engano
"Quem falou que as obras do sr. Paulo Maluf eram eleitoreiras se enganou, pois cinco meses depois da posse do sr. Celso Pitta as obras continuam.
Se o dinheiro dos precatórios foi usado para isso, foi bem usado, pois está dando dignidade para as pessoas humildes."
Advaldo Alves da Silva (São Paulo, SP)

Caso PT
"Sobre o caso do PT: se é que o caso é mesmo importante, por que não fazer uma CPI para investigar doações de campanhas?
A bancada governista aceita? Os partidos de oposição são favoráveis.
Colocar em dúvida a moral de pessoas importantes da vida pública, jogando todos na mesma vala comum dos Collors e PCs da vida, não atinge somente uma pessoa ou partido, mas todo um projeto político para o país.
O momento é de união e de ação. Não caiamos nessa onda, pois é isso que eles querem."
Francisco Gonçalves de Oliveira (São Paulo, SP)

José Rainha
"Sobre o julgamento de José Rainha:
evidente que se ele deve, tem que pagar, mas parece que a história não é bem assim.
O julgamento é mais um instrumento dos métodos do governo social democrata de FHC para alertar que existe justiça e punição sim, para aqueles que não são amigos do 'rei Fernando'."
Maria da Graça Nogueira (São Paulo, SP)
*
"O Judiciário se especializa na incompetência e no culto à justiça conforme a situação econômica ou política.
O caso de José Rainha, condenado sem que houvesse uma única prova, supera o escandaloso.
É o resgate dos tribunais da Idade Média em pleno final de século 20.
Não é vergonha o que sinto. É qualquer outro sentimento que desqualifica a condição de ser humano."
César de Paula (São Paulo, SP)
*
"Com relação ao artigo que o sr. Emir Sader escreveu em 19/6, sob o título "Somos todos Josés Rainhas', é preciso levar em consideração que grande parte do povo brasileiro é mantida na ignorância e na alienação por meio do sucateamento progressivo do ensino público.
Por isso não tem senso crítico, sendo sua opinião facilmente manipulável. Povo ignorante é povo manso, é povo apático."
Sergio dos Reis Pereira (Curitiba, PR)

Chega de retranca
"Queremos mudanças radicais na seleção. Um novo técnico, uma nova escalação e um novo objetivo: jogar bem, respeitando a tradição e a escola brasileira, sem a preocupação 'retranqueira'.
Se vencer a Copa, que seja com raça e arte."
Jaélcio de Alexandre Santana, seguem-se mais quatro assinaturas (São Paulo, SP)

Censura medieval
"Vejo novamente o nome de Araraquara associado à letargia cultural, ao atraso de uma sociedade conservadora e à hipocrisia dos donos da arte.
A medieval censura imposta ao diretor José Celso Martinez Corrêa, além de me envergonhar, dá a certeza de que ainda nos dias de hoje o estilo inquisitorial está presente em nossa sociedade."
Marcos Ramalho (Araraquara, SP)

Pista esburacada
"A rodovia Castelo Branco deveria ser um modelo de estrada, mas infelizmente o governo do Estado só sabe cobrar pedágio, IPVA e o retorno aos contribuintes é nulo.
As pistas da direita estão esburacadas, onduladas e de quando em quando surgem imensas crateras."
Luiz Ricardo Biagioni Bertanha e Antônio José Bertanha (São Bernardo do Campo, SP)

Trem da morte
"Pelo Tratado de Petrópolis de 1903, o Brasil recebeu da Bolívia um território (Acre) em troca de outro menor mais o pagamento de 2 milhões de libras esterlinas e a construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré, que se estenderia até território boliviano.
A construção da estrada de ferro, não concluída, ocasionou a morte de centenas de trabalhadores brasileiros por doenças tropicais, como a malária. Daí que esse trem foi 'batizado' como o 'trem da morte'.
Negociações posteriores entre os dois países levaram à suspensão da construção do 'trem da morte' e à construção de outra linha férrea.
Foi assim que surgiu a estrada de ferro que une o Brasil a Santa Cruz de la Sierra. Mas ninguém morreu na sua construção. Ou seja, o chamado 'trem da morte' não tem nada a ver com as mortes na estrada de ferro Madeira-Mamoré."
Javier Piérola Gonzáles (São Paulo, SP)

Explicação inconsistente
"As explicações sobre a tragédia de Timor Leste dadas pelo ministro Ali Alatas, da Indonésia (8/6), não têm consistência.
1) Justificar a tirania indonésia pelos erros do colonialismo português não é argumento: que todo colonialismo é intrinsecamente mau todos já sabemos.
2) Dizer que entraram em Timor Leste porque havia 'caos' no país é puro imperialismo. Justificar-se-ia então a invasão da Irlanda do Norte, da Albânia e da própria Indonésia...
3) Justificar a não realização de um plebiscito em Timor devido a 'orgulho nacional' é no mínimo estranho. O exercício da autodeterminação timorense é que deveria ser motivo de orgulho indonésio.
4) O secretário da ONU nomeou um representante pessoal em tempo integral para acompanhar a questão de Timor Leste, mostrando que o caso exige solução internacional e não é questão menor, levantada apenas por Portugal e meia dúzia de timorenses insatisfeitos."
João Xerri, frei (São Paulo, SP)

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