São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 1997
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Reformas podem elevar crescimento a 7%

DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil poderia estar crescendo 7% neste ano, mais do que o dobro do que o esperado para a expansão do PIB (Produto Interno Bruto, a soma das riquezas do país) e bem acima das taxas de aumento dos últimos anos.
O desemprego poderia ser muito menor, com a criação de algo entre 1,2 milhão e 1,8 milhão de novos empregos. O déficit comercial poderia cair para cerca de US$ 4 bilhões em vez dos US$ 12 bilhões, no mínimo, projetados para 1997.
Todas essas melhoras no desempenho da economia poderiam acontecer se fossem aprovadas as reformas tributária, administrativa e da Previdência Social.
Isso segundo cálculos feitos por um grupo de economistas da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), ligada à USP, que procurou medir quanto custa para o país a demora na implementação de reformas nessas três áreas.
Os economistas da Fipe usaram como base para os cálculos não as propostas de reforma em tramitação no Congresso, mas sim sugestões da Fiesp, mais radicais.
Redução linear
No caso da reforma tributária, por exemplo, foi avaliado o impacto que haveria sobre a economia da redução linear de 25% em todos os impostos indiretos.
O levantamento, inédito, foi encomendado à Fipe pela Fiesp (Federação das Indústrias no Estado de São Paulo), cuja direção quer pressionar o Congresso para que acelere o ritmo de votação das propostas de reforma.
Não fazer a reforma tributária significa deixar de crescer 1,5% do PIB ao ano. Não fazer a reforma administrativa significa deixar de crescer 0,4%. E não fazer a reforma da Previdência Social significa deixar de crescer 1,8% do PIB -ou 3,7% no total.
Além disso, a realocação dos recursos, a racionalização dos gastos públicos e da tributação que resultariam das três reformas teriam um impacto adicional de 6% do PIB, que ocorreria apenas uma vez (o que os economistas chamam de efeito "once and for all").
O estudo foi feito nos últimos 20 dias e vai ser formalmente apresentado hoje durante um seminário na própria Fiesp.
A entidade decidiu fazer o estudo sobre o preço que o país paga por não ter feito as reformas no final de maio, depois de sucessivos atrasos nas votações de vários projetos de reforma no Congresso.
A população em geral e mesmo empresários desconhecem o impacto econômico-financeiro na demora da aprovação das reformas porque não havia até agora nenhuma pesquisa sobre isso. Assim, tomou-se a decisão de fazer um levantamento sobre os custos e um seminário como uma forma de mobilizar a opinião pública.
Com pressa
A primeira proposta foi de fazer o estudo na própria Fiesp, mas depois a escolha recaiu sobre a Fipe para evitar possíveis críticas de que os empresários teriam influenciado o resultado final.
O seminário "Fórum das Reformas -A Nação Tem Pressa" contará com parlamentares, como Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), presidente do Senado, Michel Temer (PMDB-SP), presidente da Câmara, além de empresários (Antonio Ermírio de Moraes, Fernando Bezerra, Jorge Gerdau, Paulo Cunha) e economistas (Eduardo Gianetti da Fonseca e Carlos Antônio Rocca).
O levantamento foi feito pelos economistas Hélio Zylberstajn, Ivo Torres, Reynaldo Fernandes, Ronald Hillbrecht, Rudinei Toneto Jr. e Siegfred Bender.

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