São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 1997
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ONG coloca voluntárias na faculdade

MALU GASPAR
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma ONG -Organização Não Governamental- que cuida de 70 crianças excepcionais em Sapopemba (zona sudeste de São Paulo) vai colocar quatro de suas voluntárias na faculdade.
Os cursos serão pagos com dinheiro vindo de uma paróquia da cidade italiana de Bolonha, que é sustentada pela comunidade local.
A paróquia enviou dinheiro suficiente para custear bolsas de estudos para sete pessoas de Sapopemba durante quatro anos, entre elas as voluntárias do Cantinho da Esperança. A verba foi conseguida pela própria comunidade, ajudada pela paróquia do bairro.
Embora exista há cerca de 15 anos, até hoje a entidade é mantida por voluntárias sem formação em áreas relacionadas ao tratamento de excepcionais, como fisioterapia, fonoaudiologia e psicologia.
Normalmente, elas fazem a reabilitação das crianças usando apenas a "intuição".
"A gente observa a criança, vê a diferença entre ela e uma criança normal e vamos tentando ensiná-la a fazer os movimentos que ela não consegue", diz Maria Roneide da Silva, uma das candidatas à vaga na faculdade.
Mesmo assim, diz Roneide, elas têm conseguido resultados. "Já chegamos a fazer uma criança que passava o dia inteiro sentada olhando para um ponto fixo aprender a comer com talheres e conviver em grupo."
As mães deixam os filhos na entidade pela manhã para passar o dia fazendo atividades como culinária, artesanato e tapeçaria, além de exercícios para reabilitação.
O atendimento é feito por onze monitoras que moram na própria região. O salário é pago por um convênio entre a ONG e a prefeitura, por meio das secretarias do Bem-estar Social e da Educação.
A verba para alimentação e combustível para o transporte das crianças é conseguida por meio de bingos, festas e doações.
Clube de Mães
O Cantinho da Esperança começou a ser formado em 1982, quando mães da região se reuniam no salão paroquial algumas vezes por semana, levando os filhos.
"Algumas tinham filhos portadores de deficiência e não tinham onde deixá-los para ir trabalhar. Aí formamos o Cantinho", diz Tânia Peixoto, voluntária há 10 anos.
Auxiliadas pela Pastoral do Menor, as mães conseguiram uma casa para a entidade e, mais tarde, o convênio com a prefeitura.
Os próximos objetivos da ONG são conseguir a doação de uma linha telefônica e terminar a construção de uma nova sede.

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