São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 1997 |
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Cinema vira opção de investimento
SÉRGIO LÍRIO
Além da renúncia fiscal garantida, já existem empresas recebendo dividendos sobre os lucros de algumas produções brasileiras. "O Quatrilho", filme de Fábio Barreto indicado para o Oscar de filme estrangeiro em 95, é o melhor exemplo. Com um público estimado de 1,2 milhão de pessoas e os direitos vendidos para a Rede Globo, "O Quatrilho" já pagou, em 21 meses de exibição, 60% de dividendos para as empresas que investiram nele por meio da Lei do Audiovisual. Receber R$ 0,60 a cada R$ 1 pode não parecer um grande negócio, mas é preciso lembrar que os dividendos são um dinheiro "limpo" para quem comprou certificados de investimento audiovisual, títulos criados pela lei e adquiridos por intermédio da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Não há nenhum risco no investimento. Negociados por instituições financeiras, como qualquer ação da Bolsa de Valores, esses certificados permitem a dedução de 100% no IR, desde que não ultrapasse 3% do valor devido (pessoas jurídicas) ou 5% (pessoas físicas). No caso das empresas, o total investido nos certificados também pode ser lançado como despesa operacional no balanço, o que ajuda a diminuir o valor de impostos futuros. Não bastasse, os certificados funcionam como um título qualquer do mercado: se o filme for um sucesso, o investidor participa dos lucros. É o que aconteceu com os investidores de "O Quatrilho", que estão recebendo R$ 0,60 para cada R$ 1 aplicado. Regina Valladão, responsável pelo departamento de investimentos audiovisuais da Oliveira Trust, diz que, por enquanto, os certificados trazem poucas vantagens para o contribuinte pessoa física. "A maioria desconta o IR na fonte ou tem pouco imposto a pagar. As cotas dos filmes também costumam ser caras, o que restringe as opções de investimento", diz. A Oliveira Trust, distribuidora de valores mobiliários, detém a exclusividade da negociação dos certificados da produtora LC Barreto. O sinal de que as empresas estão descobrindo os certificados é o crescimento das emissões autorizadas pela CVM. Até maio deste ano, as emissões autorizadas somaram R$ 32,4 milhões -quase o mesmo do total de 95 (R$ 37 milhões). Em 96, foram emitidos R$ 133 milhões em títulos. Próximo Texto: Cópia chinesa ameaça canivete centenário Índice |
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