São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 1997
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Cópia chinesa ameaça canivete centenário

MAURICIO STYCER
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao comemorar cem anos do registro de sua patente, o canivete suíço Victorinox enfrenta um concorrente pouco preocupado com o registro de marcas e coisas afins: o "canivete suíço" feito na China.
Por canivete suíço entende-se aquela faquinha de múltiplas funções, normalmente vermelha (90% das vendas são dessa cor), com a cruz da Suíça gravada no cabo. Só duas empresas no mundo, ambas suíças, podem fabricar um produto com essas características, mas as imitações pululam e chegaram a inibir investimentos do "pai" do canivete, a Victorinox.
Não há muitas estatísticas a respeito dessa concorrência, mas um dado, relativo às exportações de canivetes para os EUA, mostra como essa guerra de lâminas está pesando a favor dos chineses.
22 milhões
Em 1985, a Suíça exportou 3,5 milhões de canivetes para o mercado norte-americano, enquanto a China vendeu 736 mil unidades.
Oito anos depois, os suíços comercializaram 6,6 milhões de peças, contra a impressionante marca chinesa de 22 milhões de canivetes vendidos para os EUA.
A exportação de "canivetes suíços" feitos na China para o mercado norte-americano chega a superar a produção total da Victorinox, hoje estimada em cerca de 14,5 milhões de unidades anuais.
A empresa, que tem sede no cantão de Schwyz e emprega 950 funcionários, faturou cerca de US$ 140 milhões em 1996.
Sem publicidade
Curiosamente, a Victorinox tenta passar a impressão de que não se importa com as imitações e de que não precisa investir em publicidade.
Só para se ter uma idéia, até o ano retrasado a centenária empresa não contava com um departamento de marketing -hoje entregue a um cunhado do proprietário.
O mercado brasileiro ocupa um lugar de pouco destaque no mundo dos canivetes suíços.
Em 96, os brasileiros compraram cerca de 120 mil canivetes da Victorinox, menos de 1% da produção total da empresa, totalizando um resultado de R$ 2,4 milhões.
Aposta
O representante da Victorinox no Brasil, Alberto Gomes de Araujo, tem como meta elevar para 3%, nos próximos anos, a participação do mercado brasileiro.
Nos últimos três anos, a empresa investiu cerca de R$ 1,5 milhão no Brasil e tem planos de continuar apostando nesse mercado.
Em outubro, a Victorinox terá um prédio próprio em São Paulo e deve dobrar a sua estrutura de pessoal -hoje são 10 funcionários.

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