São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 1997 |
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Sabó compra fábricas na Europa
ARTHUR PEREIRA FILHO
Em vez de ser engolida pelas multinacionais que chegam ao país para fornecer componentes para os novos carros mundiais, se transformou em "global player": compra e constrói novas unidades industriais no exterior. Um dos três maiores fabricantes mundiais de retentores - anéis de vedação que evitam vazamentos de óleo ou água nos veículos- a Sabó, empresa com 100% de capital nacional, acaba de inaugurar a quinta fábrica na Europa -em Enese, na Hungria- e já faz planos de expansão em direção ao mercado norte-americano. "A General Motors quer que a Sabó instale uma fábrica nos EUA para o fornecimento de peças para as subsidiárias do grupo na América do Norte", conta Flávio Edson Del Soldato, diretor-geral da Sabó. Atualmente, cerca de 20% das exportações da Sabó -US$ 6 milhões- são destinadas a veículos produzidos pela GM americana. Segundo Soldato, dentro de dois ou três anos, a Sabó deve estar fornecendo cerca de US$ 20 milhões para a GM nos EUA. "Nesse volume de exportações, a logística se torna mais complexa." Soldato afirma que o projeto de uma fábrica na América do Norte deve estar concluído no ano que vem. O local ainda não está definido. A Sabó, explica Soldato, tomará a decisão de olho no Nafta (acordo de livre comércio entre EUA, Canadá e México). "O México oferece condições extraordinárias", explica Soldato. A mão-de-obra é mais barata que nos EUA e a empresa já tem clientes importantes no país, como a própria GM e a Volkswagen. A Iochpe-Maxion e a Varga são as outras duas empresas brasileiras do setor de autopeças que mantêm fábricas nos EUA. A Iochpe monta chassis em Janesville (Wisconsin) e Cleveland (Ohio), como Midland Steel. A Varga fabrica freios a disco no Estado da Virginia. A Cofap está construindo uma fábrica de amortecedores em Kingsport (Tennessee). Na Europa, a Cofap tem uma fábrica de anéis de pistão em Portugal. O Grupo Sabó é líder do mercado nacional de retentores, com 70% das vendas. Produz também juntas e mangueiras. Com faturamento anual de US$ 250 milhões em 96 e 2.850 funcionários, no Brasil e no exterior, a Sabó decidiu se tornar global no início dos anos 90, com a abertura da economia brasileira. O primeiro passo foi comprar duas fábricas de retentores na Argentina, em 92, transformadas depois em uma única empresa, a Sabó Argentina S/A. "A empresa compreendeu desde o início que a abertura da economia era um processo estrutural irreversível", conta Soldato. Ele diz que a razão principal da compra das empresas argentinas foi a de evitar a chegada dos concorrentes internacionais. Texto Anterior: Preço da ação ainda é baixo Próximo Texto: Multinacionais detêm 80% do mercado Índice |
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