São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 1997 |
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Sermão substitui música
CARLOS CALADO
Principal atração da noite, Aretha Franklin cantou por apenas meia hora, no concerto batizado como "Aretha's Gospel Crusade for Aids", em apoio à luta contra a Aids entre a comunidade negra. Nas duas horas restantes, a platéia que lotou o Avery Fisher Hall, no Lincoln Center, foi bombardeada com discursos e sermões de reverendos de igrejas batistas, como Donald Parsons e Jasper Williams, além de breves aparições de grupos de gospel music. Mal-estruturado, o roteiro do show acabou prejudicando uma noite que tinha tudo para ser inesquecível. Intercalando as apresentações musicais com os discursos, mal a temperatura se elevava com o fervor do gospel e já era esfriada com mais falação. Ainda assim, o privilégio de ver Aretha cantando música religiosa superou qualquer frustração. Com sua voz poderosa em perfeito estado, a Lady Soul continua imbatível, aos 55 anos de idade e muitos quilinhos a mais. Arrancando exclamações da platéia, com arrepiantes melismas vocais típicos do gospel, a filha do reverendo C.L. Franklin cultuou suas origens religiosas. Mas deixou a platéia com água na boca, ao sair de cena após cantar apenas cinco números. Foi a deixa para a entrada do reverendo Jesse Jackson, anunciado como o possível próximo presidente dos EUA. Com um misto de discurso e sermão, o pastor-político conclamou a platéia a se unir à luta contra a Aids, deixando claro, porém, que esse é apenas um ponto de sua plataforma para o país. Pior para o cantor Bobby Jones e seu excelente grupo de gospel The New Life, que entrou em seguida. Cansada de tantos discursos, mais de metade da platéia deixou o teatro junto com Jackson. (CC) O jornalista Carlos Calado viaja a convite da JVC do Brasil, United Airlines e Polygram. Texto Anterior: Caetano rebola e imita Carmem Miranda Próximo Texto: Grupos comemoram a partir de hoje Semana do Orgulho Gay Índice |
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