São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 1997
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Pol Pot está vivo, diz general cambojano

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O general Nhek Bunchhay, vice-chefe do Estado-Maior das Força Armadas do Camboja, disse ontem ter visto Pol Pot vivo.
Segundo o general, o líder do regime genocida do Khmer Vermelho entre 1975 e 1979 estava enfermo, e os homens que o capturaram -ex-comandados do próprio Khmer- devem entregá-lo logo às autoridades do país.
Bunchhay afirmou ainda que os guerrilheiros decidiram formalizar hoje o fim de sua rebelião contra o governo cambojano.
Além disso, eles teriam se comprometido a reconhecer a Constituição e o rei do Camboja e a apoiar a política para a reconciliação nacional estabelecida pelo primeiro premiê do país, o príncipe Norodom Ranariddh.
Braço direito do príncipe, o general Bunchhay foi quem apresentou as fotografias que mostravam o chefe da defesa do Khmer Vermelho Son Sen e 11 membros de sua família mortos, crime que teria sido ordenado por Pol Pot.
As afirmações do general sobre o líder, que não é visto em público desde 1980, contradizem a versão do outro premiê do país, Hun Sen, que afirmou ter interceptado um diálogo pelo rádio entre integrantes do Khmer Vermelho afirmando que Pol Pot está morto.
Segundo a Frente de Unidade Nacional para um Camboja Independente, Neutro, Pacífico e Cooperativo (Funcinpec), liderada pelo príncipe Ranariddh, o líder está vivo e sob cuidados médicos na cidade de Anlong Veng (norte), reduto do Khmer Vermelho.
Pol Pot, 69, teria sido capturado na quinta passada a 20 km da base de Anlong Veng, no norte do país, perto da fronteira com a Tailândia.
Ele é considerado o maior responsável pelo genocídio de 1 milhão a 2 milhões de pessoas, ocorrido no Camboja entre 1975 e 1979.
"Ainda que ele nos seja entregue morto, o aceitaremos", disse o co-premiê Hun Sen. "E vamos conservar o corpo, para que toda a população o veja".
Julgamento
Ontem, os dois premiês cambojanos enviaram carta à ONU pedindo ajuda para criar um tribunal no qual Pol Pot seria julgado por crimes contra a humanidade.
Eles ressaltaram que esperam um julgamento justo.
Mas muitos cambojanos não concordam. "Para mim, ele deveria ser executado", disse um condutor de riquixá que perdeu o pai e os avós no regime de Pol Pot.
A Constituição cambojana e tribunais anteriores da ONU, estabelecidos para julgar crimes contra a humanidade na Bósnia ou Ruanda, não permitem a pena de morte.
Os premiês reconheceram na carta enviada à ONU que o governo carece de recursos e que precisa de ajuda para levar Pol Pot e outros guerrilheiros a julgamento.

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