São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 1997
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MERCOSUL MAIS FORTE

Após os avanços na integração econômica, o Mercosul dá sinais de consolidar-se também como entidade política no cenário internacional. Além de questões pontuais, o encontro que na semana passada reuniu em Assunção os presidentes dos quatro países membros e os mandatários do Chile e da Colômbia sinaliza uma vontade comum de fortalecer o bloco, instrumento de inserção do Cone Sul na economia mundial.
Foi ilustrativo o posicionamento do Chile, que até recentemente parecia dar prioridade a uma eventual adesão ao Nafta (Acordo de Livre Comércio da América do Norte). Hoje, enquanto nação associada ao Mercosul, o país reivindica participar das decisões do bloco e, em contrapartida, inclina-se a somente negociar acordos com terceiros países em conjunto com os parceiros do Cone Sul.
Trata-se de postura coincidente com a da diplomacia brasileira, que há tempo age no sentido de fortalecer o Mercosul de modo a negociar em situação menos desigual com os grandes blocos econômicos.
As diferenças entre o Brasil e a Argentina, que surgiram implicitamente nos discursos de ambos os presidentes, deixaram à mostra arestas, previsíveis em acordos tão amplos.
O presidente Menem disse esperar que os demais países do Mercosul caminhem no sentido de liberalizar o setor de serviços (aí incluído o mercado financeiro) e mesmo as compras governamentais. Apesar da dissonância, que certamente responde também a pressões domésticas, parece claro que, de modo geral, as posições são convergentes.
O Mercosul enfrenta a discussão de agendas novas, que vão além dos acordos comerciais. Está premido pela intenção norte-americana de acelerar a formação de uma área de livre comércio em todo o continente, mas ao mesmo tempo atrai o interesse de outros países da América Latina. O estreitamento de vínculos econômicos e o adensamento político são sinais de que o Mercosul continua a progredir e ganha relevância.

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