São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 1997
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São Petersburgo é a mais bela das russas

FERNANDO CANZIAN
DO ENVIADO ESPECIAL À RÚSSIA

Há uma máxima na mais bela cidade da Rússia que responde à indagação dos visitantes de como é possível tanta ostentação em um lugar só: "São Petersburgo está construída sobre os ossos do povo russo". E haja ossos.
A cidade é um escândalo, de sua fundação à riqueza que ainda ostenta. Foi fundada há 294 anos pelo mais famoso e querido (hoje) czar russo, Pedro, o Grande.
Há 300 anos, Pedro meteu na cabeça que a Rússia precisava estar mais próxima da Europa e que devia ter uma saída para o mar.
Para isso, iniciou a construção de uma cidade em um dos locais mais inóspitos do mundo, na beira do golfo da Finlândia, no mar Báltico.
Na verdade, nem terra disponível havia direito, e foram construídas centenas de pontes (hoje são 560) para ligar as 42 ilhas que formam São Petersburgo -uma espécie de Veneza grandiosa.
Logo depois da fundação da cidade, Pedro ordenou que toda a corte russa se mudasse para lá, o que explica a quantidade de palácios por todos os lados.
A riqueza desses palácios e das igrejas é impressionante. Há, no meio da rua, de esfinges egípcias de 3.000 anos a colunas de granito monolítico verde, trazidas da Sibéria. Tudo isso construído em cima das costas do povo russo, escravo do poder absoluto do czar até 1861.
Na pintura da cúpula da igreja de São Isaac, por exemplo, morreram intoxicados 40 desses "cidadãos escravos" trabalhando por ordem do czar.
Hoje, muitos dos palácios abrigam museus, teatros e mesmo casas de pessoas comuns, que se mudaram para dentro deles durante a revolução comunista.
Também fica em São Petersburgo um dos maiores museus do mundo, o Hermitage, na verdade, um acervo de 3 milhões de obras divididas em seis departamentos.
A polêmica do momento é o pedido da Alemanha para que obras do Hermitage, tomadas durante a Segunda Guerra Mundial, sejam devolvidas aos alemães.
Os russos, que perderam 1 milhão de vidas para Hitler, negam a devolução. As obras são consideradas um butim justo tomado dos agressores.

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