São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 1997
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Duas esculturas exibem história

FERNANDO CANZIAN
DO ENVIADO ESPECIAL

Uma visita a duas estátuas em São Petersburgo resume o espírito da cidade em duas épocas distintas: a dos "czares visionários" e a dos "comunistas sanguinários", como alguns russos dizem.
A visita é recomendada no livro "Menos que Um", do poeta russo Joseph Brodsky, que se exilou nos Estados Unidos em 1972.
Na margem direita do rio Neva, que corta a cidade, está a estátua de Pedro, o Grande, encomendada por Catarina, a Grande, ao francês Etienne-Maurice Falconet, por indicação dos pensadores Diderot e Voltaire.
Pedro está sobre um cavalo, que simboliza a Rússia, e aponta para a frente, onde você vê, do outro lado do rio, a universidade que ele construiu. A sua direita está o Almirantado e, à esquerda, o antigo Senado russo, hoje sede do Arquivo Histórico da Rússia.
Na outra margem do rio, dezenas de metros à frente, diante da estação Finlândia, ergue-se outra estátua, um marco do início da revolução bolchevique de 1917.
Nela, é Lênin quem aparece, não sobre um cavalo, mas de pé, em cima de um tanque de guerra.
A sua esquerda está "As Cruzes", a mais temida penitenciária do regime comunista, à direita, a Academia de Artilharia e, a sua frente, na direção da ponta de seu dedo, o ex-quartel-general da antiga KGB, a terrível polícia política soviética.
Na São Petersburgo de hoje, que se chamou Leningrado entre 1924 (data da morte de Lênin) e 1991, as duas estátuas continuam sendo o melhor resumo do contraste das duas eras.
(FCz)

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