São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 1997
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Nome de município foi da cruz à espada

MARISTELA DO VALLE
DA ENVIADA ESPECIAL A MACEIÓ

Localizada a 28 km de Maceió, a cidade de Marechal Deodoro foi batizada com esse nome para homenagear seu filho mais ilustre.
Normalmente lembrada apenas por ser o município em que fica a famosa praia do Francês, a pequena cidade, convertida em patrimônio histórico, tem ruas de pedras, construções dos séculos 17 e 18 e a casa onde nasceu o marechal Deodoro da Fonseca, proclamador e primeiro presidente da República.
Outro local turístico da cidade é o Museu de Arte Sacra de Alagoas, que exibe peças em ouro, prata e barro. Ele ocupa uma construção franciscana do século 18 que funcionava como convento e igreja.
Quem reservar a tarde de domingo para conhecer algumas atrações locais vai perder a viagem. A casa de Deodoro fica aberta até as 12h, e o Museu de Arte Sacra de Alagoas fecha aos sábados e domingos.
Solteirão
Caso você só possa visitar a cidade numa tarde de domingo, passeie pelas ruas, admire a arquitetura local, visite as igrejas e ouça os casos contados pelas crianças da cidade. Sem plausibilidade histórica, os relatos são divertidos.
Luciano dos Santos, 13, diz que a antiga prefeitura ficava no segundo andar de um edifício que abrigava, no térreo, a delegacia. "Assim, se o prefeito roubasse, já caía na delegacia".
Santos também discursou sobre a cama larga que ocupa um quarto na casa do marechal Deodoro e ironizou o fato de o militar ter passado dos 30 anos sem se casar.
Deodoro, na verdade, mudou-se para o Rio de Janeiro na adolescência e casou-se aos 32 anos.
Segundo a versão do garoto, o televisor público instalado na praça da cidade ganhou o apelido de televisão do quebra-pau. Isso se deve ao fato de, antigamente, o "programador" desligar o aparelho às 22h, o que provocava protestos dos moradores.
Igreja
A igreja Nossa Senhora do Bonfim, afastada do centro histórico de Marechal Deodoro, foi a matriz da cidade por 150 anos. Assumiu o posto depois que a antiga catedral e a então vila de Santa Maria Madalena da Lagoa do Sul foram destruídas por um incêndio em 1633.
"O piso ainda é original, e os arquitetos que vêm aqui costumam dizer que a igreja não foi terminada", conta o sacristão José Vicente de Araújo, 74, responsável pela igreja há 53 anos.
No teto, há uma pintura de um Jesus Cristo negro. Nas laterais, os púlpitos são decorados com cortinas vermelhas.
A praça Nossa Senhora do Bonfim, onde está localizada a igreja, é cenário de uma quermesse na semana dedicada à santa, entre 1º e 6 de junho.

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