São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 1997
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Cameli nega ligação com compra de votos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governador Orleir Cameli (sem partido-AC) negou ontem no depoimento na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara conhecer qualquer negociação com deputados para aprovar a emenda que permite a reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso.
"Eu já disse que desconheço qualquer tratativa de cooptação de parlamentares", afirmou Orleir.
Em fitas obtidas pela Folha, o ex-deputado Ronivon Santiago disse que ele, o ex-deputado João Maia e os deputados Chicão Brígido (PMDB-AC) -licenciado-, Osmir Lima (PFL-AC) e Zila Bezerra (PFL-AC) teriam recebido entre R$ 100 mil e R$ 200 mil para votar a favor da reeleição.
Cameli disse que mantém relações políticas com Osmir e Zila. "Mas o deputado Chicão é meu adversário", afirmou. A CCJ está analisando o processo de cassação desses três deputados. Segundo Cameli, Maia e Santiago "seguiam a sua orientação política".
O pagamento dos votos, segundo Ronivon, foi feito por Cameli, com a participação de seu irmão Eládio Cameli, diretor da empresa Marmud Cameli, e de Amazonino Mendes (PFL), governador do Amazonas.
"Isso é uma mentira", disse Cameli, quando o relator do processo de cassação, Nelson Otoch (PSDB), perguntou se Eládio teria dado cheques aos deputados.
Reunião com FHC
Cameli afirmou que se reuniu com FHC às vésperas da votação da reeleição. A reunião, segundo ele, teve a participação de outros governadores, inclusive Amazonino. Segundo Otoch, no depoimento de segunda-feira, Amazonino disse que não esteve no Planalto com FHC para tratar da reeleição.
"O governador Amazonino não mencionou isso porque não deve ter se lembrado", disse Cameli.
Cameli afirmou que não se lembrava exatamente do dia da reunião. "Não sei se foi na véspera ou na antevéspera da votação." O primeiro turno da reeleição foi no dia 28 de janeiro. Os governadores se reuniram com FHC no dia 27.
Segundo ele, os governadores Tasso Jereissati (PSDB-CE), Waldir Raupp (PMDB-RO), Roseana Sarney (PFL-MA), Mário Covas (PSDB-SP), Marcello Alencar (PSDB-RJ) e Siqueira Campos (PPB-TO) estiveram na reunião.
"Não houve nenhuma contradição. O governador Amazonino disse que não manteve entendimento pessoal com o presidente. Orleir se referiu a uma reunião coletiva", afirmou o líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE).
Cameli disse que é amigo de Amazonino desde 70. "Temos um relacionamento estreito, mas nunca passou pela minha idéia nem pela do governador praticar molecagem em nossos Estados."
Obras
O governador disse que negocia com diretores das construtoras os preços das obras no Acre. "Eu visito os canteiros de obras. Sou fiscal do Estado e gosto de obras."
Ele confirmou que participou de reuniões com o ministro Sérgio Motta (Comunicações) para pedir recursos à BR-364. "Acho que o ministro poderia nos ajudar pelo prestígio e força no governo."
Nas gravações, Ronivon disse que a liberação de verbas para rodovias também entrou na negociação do apoio à reeleição.

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