São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 1997
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Presidente autoriza troca na Suframa

ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso deu sinal verde para a demissão do superintendente da Suframa, Mauro Ricardo Machado da Costa, que se atritou com o governador do Amazonas, Amazonino Mendes, do PFL.
O sucessor de Mauro Costa foi escolhido pelo ministro Antonio Kandir (Planejamento) e já aceitou o cargo. O anúncio da saída de um e da nomeação de outro pode ser feito a qualquer hora.
A decisão do presidente é altamente polêmica e enfrentava reações em áreas do próprio governo. Mauro da Costa, funcionário concursado da Receita Federal, fez uma gestão considerada técnica e moralizadora.
Ele incomodou o governador e o PFL, mas tem apoio dos tucanos do Estado, inclusive do secretário nacional do partido, deputado Arthur Virgílio, que vinha conversando diariamente com Kandir, para tentar evitar a demissão.
Entre outras medidas, Costa suspendeu a concessão de incentivos fiscais a quatro empresas e bloqueou o cadastro de outras 70.
Ao enxugar o quadro de funcionários de uma empresa que prestava serviços à Suframa, acabou demitindo a própria irmã do governador, Marise Mendes.
"A demissão de Mauro Costa precisa ficar bem explicada, porque ele vinha cumprindo rigorosamente as recomendações do governo federal", afirmou ontem o senador José Serra (PSDB-SP), que foi ministro do Planejamento e responsável pela nomeação de Costa, há cerca de um ano.
As pressões pró e contra Mauro Costa foram fortes desde o início. Até ontem, depois da decisão tomada, setores do governo ainda avaliavam o efeito político negativo da demissão.
O superintendente tomou medidas que foram bem recebidas pela imprensa e pela opinião pública, enquanto o governador Amazonino, ao contrário, é suspeito de participar do esquema de compra de votos a favor da reeleição.
Na avaliação dos que defenderam no governo o afastamento do atual superintendente, Costa se inviabilizou no cargo por ter ficado excessivamente exposto na mídia e por ter se incompatibilizado com o círculo de poder no Amazonas.
Assim, todas as suas medidas estavam sendo sistematicamente criticadas pelo governo local e ele consumia a maior parte do tempo tentando se justificar.
Kandir não quis se manifestar ontem sobre o caso. Ele apenas negou que tenha se encontrado nos últimos dois dias com Costa e que tenha sido pressionado por ele.
O governo quer Costa de volta ao Ministério do Planejamento, onde ocupava uma função técnica antes de ir para a Suframa. De qualquer forma, o governo sabe que receberá fortes críticas por sua decisão.

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