São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 1997
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Críticos vêem erros de avaliação

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

A crise desencadeada na PM de Minas Gerais ocorreu em função de erros de avaliação política e de ações tomadas pelo governador Eduardo Azeredo (PSDB) e pelo alto comando da PM mineira.
Essa é a opinião não só dos opositores do governo, mas também dos seus aliados. O maior erro, segundo os críticos, foi o governo ter deixado uma questão salarial ter se tornado uma grave crise política.
O coronel Antônio Carlos dos Santos, comandante-geral da PM avisou o governador da insatisfação salarial. A insatisfação não foi devidamente valorizada. Erraram Azeredo e o comandante-geral.
Após o reajuste judicial obtido pelos delegados da Polícia Civil, os coronéis do alto comando foram até o governador pressioná-lo para que o reajuste entre 10% e 20% fosse estendido também a eles.
Foi ponderada pelo governo a possibilidade de insatisfação entre os praças, mas Azeredo aceitou os argumentos dos coronéis, que disseram que segurariam as tropas.
Oficiais do Copom (Comando de Policiamento) disseram à Agência Folha que a atitude política mais correta seria segurar o aumento dos oficiais até que o dos praças estivesse definido.
Dessa forma, avaliam, os praças não teriam do que reclamar, já que o abono de R$ 112 oferecido posteriormente é até maior (cerca de 24%) do que o reajuste dos oficiais.
Mais dois erros são apontados nessa crise. O governo e o comando geral não souberam explicar o abono oferecido. A intenção do governo, com o abono, era evitar que houvesse mais descontos nos salários dos praças. Os praças gritaram que esse abono poderia ser retirado. A intenção do governo era evitar que houvesse mais descontos nos salários dos praças. Eles receberiam os R$ 112 integralmente. O alto comando deixou que a versão dos praças dominasse e perdeu a razão.
Após a passeata do dia 13 deste mês, Azeredo fez mudanças no alto comando. Segundo os críticos, Azeredo e o comandante-geral deveriam esperar o fim da crise para fazer mudanças. Azeredo tem agido nos bastidores, não negociando diretamente com os líderes dos praças, função exercida pelo seu secretário da Casa Civil, Agostinho Patrus, e também pelo seu vice, Walfrido dos Mares Guia.
Assessores de Azeredo afirmam que ele não pode se envolver diretamente. É uma peça que deve ser preservada para o momento final.

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