São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 1997
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Queda pode ser boa para o país

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

A principal consequência da diminuição da taxa de crescimento populacional é a o rápido amadurecimento da população. Isso, em tese, poderia ser bom para o Brasil porque aumenta o número de pessoas em idade de trabalhar.
A chamada taxa de dependência da população brasileira está diminuindo: é cada vez menor a proporção de jovens com menos de 15 anos e de idosos com mais de 65 anos em relação ao número de pessoas em idade ativa.
Isso significa que, em tese, haveria mais brasileiros produzindo para sustentar uma porção menor de dependentes (crianças e idosos). Porém, da tese à prática há uma longa distância. "O modelo econômico é excludente, porque não está preocupado em integrar essa nova mão-de-obra que está amadurecendo", diz o demógrafo Celso Simões.
Em outras palavras: os jovens chegam à idade ativa, mas não encontram emprego. Consequentemente, a força de trabalho não cresce como deveria.
"Quando o país atravessava crises econômicas, os economistas diziam que era por causa da alta taxa de fecundidade. Pois ela vem caindo há tempos e a condição econômica da população não melhorou na mesma proporção."
Simões cita outra oportunidade que o amadurecimento da população proporciona: "Diminui a pressão do grupo etário de 5 a 15 anos sobre o sistema escolar. É o melhor momento para investir na qualidade do sistema de ensino".
O demógrafo teme, entretanto, que a decisão dos que fazem as grandes políticas seja contrária: aproveitar a queda da demanda para cortar recursos para a educação.
(JRT)

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