São Paulo, sexta-feira, 27 de junho de 1997
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Pitta ataca Justiça por bloqueio de bens

CLÁUDIA TREVISAN
DE REPORTAGEM LOCAL

O prefeito de São Paulo, Celso Pitta (PPB), afirmou ontem que a decisão do juiz da 12ª Vara da Fazenda Pública, Pedro Maríngolo, de bloquear seus bens "transcende o caráter jurídico" e tem um componente político.
Segundo o prefeito, a decisão é "violenta, precipitada e arbitrária". Em sua opinião, toda a discussão em torno da CPI dos Precatórios está contaminada por interesses políticos: "Não resta dúvida de que essa questão toda de títulos e CPI é uma pré-estréia da campanha eleitoral do próximo ano", disse em entrevista coletiva.
Pitta e seu secretário dos Negócios Jurídicos, Edvaldo Brito, atacaram o juiz e o Ministério Público, que pediu o bloqueio de bens.
Segundo Brito, o juiz e os autores da ação desconhecem noções básicas de direito. "Como professor, reprovaria se ambos fossem meus alunos, para nunca mais eles repetirem coisa dessa natureza." Para ele, "essa decisão não é confiável".
"O sr. juiz de direito e os membros do Ministério Público não são criancinhas. Deviam ter responsabilidade funcional, deviam ter responsabilidade, inclusive intelectual, para saber que a ação que deram ingresso é uma ação que não teria como prosseguir", afirmou.
"Inconveniência"
Pitta afirmou que o bloqueio é uma "inconveniência" à sua vida particular. "De forma alguma me sinto confortável nessa situação." O prefeito afirmou que iria recorrer em 48 horas contra a decisão.
O advogado Francisco Assis Toledo, ex-ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça), foi contratado por Pitta para representá-lo.
O juiz Maríngolo disse que os acusados "têm todo o direito de recorrer e de se defender".
O Ministério Público acusa Pitta, o ex-coordenador da Dívida Pública de São Paulo Wagner Ramos e 15 instituições financeiras de terem provocado prejuízo de R$ 10,7 milhões aos cofres públicos em operações irregulares com títulos públicos entre 94 e 96.
Pitta, que foi secretário das Finanças de 93 a 96, voltou a afirmar que as operações com títulos deram lucro à prefeitura, ao contrário do que afirmam o BC (Banco Central), relatório preliminar da CPI e o Ministério Público.
Brito afirmou que os promotores que apresentaram a ação foram precipitados ao não esperar a conclusão da CPI dos Precatórios.
O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Luiz Antonio Marrey, disse que o Ministério Público é independente e age profissionalmente. Segundo ele, a instituição pode iniciar ações sempre que concluir que houve irregularidade.

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